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Estado de Minas

Nota de risco brasileira é rebaixada

Moody's rebaixa o país de Baa3 para Baa2. O status ficou apenas um degrau acima do que é visto como especulativo porque a previsão é que cenário piore. Perspectiva passou para estável


postado em 12/08/2015 06:00 / atualizado em 12/08/2015 07:17


Brasília
– A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o status do Brasil: passou de Baa3 para Baa2, mas a perspectiva da nota deixou de ser negativa para se tornar estável. O Brasil ainda mantém o grau de investimento, mas está apenas um degrau acima do grau especulativo. Apesar de a agência ter vislumbrado um cenário pior para a economia nacional, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não se mostrou surpreso com o rebaixamento da nota. “Eu acho que a declaração da Moody’s explica exatamente os pontos que ela achou relevantes. É uma declaração bastante detalhada, transparente e que eu acho que dá indicação das prioridades que a gente deve ter em relação a manter a qualidade da nossa dívida pública”, disse, ao sair de uma reunião com dirigentes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e os presidentes dos principais bancos do país.

Os principais motivos apresentados pela Moody’s para a mudança do rating foram “o desempenho econômico mais fraco do que o esperado, a tendência de alta das despesas do governo e a falta de consenso político sobre as reformas fiscais que impedirão as autoridades de atingir superávits primários elevados o suficiente para conter e reverter a tendência da dívida neste ano e no próximo”. O comunicado da agência destaca que o endividamento do governo continuará a se deteriorar significativamente e só se estabilizará “no fim do governo atual”.

No relatório, a Moody’s considera que será um desafio o Brasil sustentar melhora nas tendências fiscais, uma vez que, no mês passado, o governo revisou suas projeções macroeconômicas. A meta de superávit primário foi reduzida de 1,13% (R$66,3 bilhões) para 0,15% (R$ 8,7 bilhões) do Produto Interno Bruto (PIB). Na avaliação da agência, seria necessário que a economia crescesse pelo menos 2% e os superávits primários fossem de 2% do PIB para estabilizar a dívida. A agência não espera que o país cumpra essas condições nem neste, nem no próximo ano.

Outro fator que mereceu atenção da agência foi a votação da desoneração da folha de pagamento. A Moody’s prevê uma oposição significativa para a próxima votação “mais relevante em pauta”. “Um resultado negativo que resulta em uma versão significativamente reduzida da proposta original pode comprometer os objetivos fiscais do próximo ano”, advertiu.

Já a relação dívida/PIB vai subir para 67% em 2016 e chegará a 70% em 2018. Em 2013 essa relação estava em 53%. Como consequência, o perfil fiscal do Brasil estará bem acima dos países que têm a classificação Baa. Por outro lado, para a mudança de perspectiva de negativa para estável, os motivos apontados foram “a economia grande e diversificada, que é uma força de crédito”. Além disso, a agência destaca as reservas internacionais que fornecem “uma ampla cobertura para os pagamentos da dívida externa”.

ALÍVIO Na visão dos especialistas, a elevação do viés foi uma surpresa e um alívio. “Foi uma vitória. Está melhor que a Standard & Poors (S&P). Havia o risco de ser rebaixado. O cenário piorou e o rebaixamento já era esperado”, disse Mansueto Almeida, economista especialista em finanças públicas. Ele considera que, com a decisão da Moody’s, “a batalha não está perdida. Temos um prazo de três ou quatro meses para o governo se afinar com o Congresso. Não temos muito tempo e a desoneração da folha de pagamento deveria ser aprovada o mais rápido possível”, recomendou.

Compartilha a mesma opinião o economista da Tendências Consultoria Silvio Campos Neto. “Estão sendo pacientes porque a situação atual do país não permite mais grau de investimento”, analisou. Ele ainda considera que o rebaixamento da nota pela agência Fitch é só uma questão de tempo. “Não será nenhuma surpresa, como não foi o rebaixamento promovido pela Moody’s. Essas agências estão apenas se equiparando à S&P. A Fitch também vai acompanhar a decisão da Moody’s e rebaixará a nota”, sentenciou.

A Fitch ainda mantém a nota BBB para o Brasil. Dois degraus acima do grau especulativo. No fim de julho, depois que o governo reduziu a meta de superávit primário, a Fitch avisou que revisaria a nota do país. O próximo movimento seria rebaixar para BBB- e a provável data seria outubro, seis meses após a última avaliação, que é o prazo que as agências dão normalmente para a reavaliação desde a última nota.

Turbulência

Os mercados financeiros internacionais enfrentaram ontem, um dia de forte volatilidade, depois que a China anunciou uma desvalorização de 1,9% no yuan. Foi a maior desvalorização cambial no país em dois anos, levantando dúvidas sobre a saúde da economia do gigante asiático. No Brasil, o índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo (BF&FBovespa) recuou 0,57% — queda que só foi suavizada pela decisão da Moody’s de colocar a nota do país, apesar de rebaixada, em perspectiva estável. O dólar, no entanto, voltou a subir depois de dois dias de queda, fechou cotado a R$ 3,498, com valorização de 1,59%. Para especialistas, a decisão chinesa deve provocar mais pressão sobre o câmbio.


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