Pressionado pela redução e encarecimento da oferta de crédito e dos salários, o comércio brasileiro registrou queda de 2,2% de janeiro a junho na comparação com o mesmo período do ano passado. É o pior resultado para o período desde 2003, quando a baixa foi de 5,7%, interrompendo uma sequência de 11 anos de taxas positivas consecutivas. Em 12 meses, o índice tem recuo de 0,8%, o pior desde o período encerrado em fevereiro de 2014, quando houve queda de 2,4%. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na passagem de maio para junho, as vendas caíram 0,4%, a quinta queda consecutiva. No mês anterior, o varejo havia recuado 0,8%. Já na comparação com junho do ano passado, a perda foi muito maior, de 2,7%, o que representa a maior queda neste mês desde 2003, quando foi de -5,8%, segundo o IBGE.
Entre os setores que mais sofreram com queda das vendas está o de automóveis. Embora não esteja incluído no varejo restrito, o segmento quebrou recordes. A queda de 16,4% no segundo trimestre ante o período entre abril e junho de 2014 foi a maior desde o segundo trimestre de 2002. Em Minas, montadoras voltaram a cortar a produção e anunciaram novas férias coletivas e suspensão temporária dos contratos de trabalho, conhecida como lay off.
No estado, as vendas tiveram queda de 2,1% nos primeiros seis meses de 2015, o que indica a tendência negativa para o varejo para este ano, destaca o analista do escritório do IBGE em Minas Gerais Antonio Braz de Oliveira e Silva. Em 12 meses, as vendas encolheram 0,1% e 0,8% na comparação com junho do ano passado.
"Os resultados mostram que o comércio em Minas Gerais, após uma breve recuperação no segundo semestre de 2014 quando apresentou resultados anualizados em torno de 2,5%, passou a apresentar uma queda de dinamismo em 2015, com esse indicador se reduzindo desde o início do ano e passou a apresentar resultados negativos em junho", destaca.
De maio pra junho, porém, houve alta de 0,6% no volume de vendas no comércio varejista mineiro, após seis resultados negativos. Ainda assim, segundo o IBGE, o setor acumula queda de 4,5% em relação a novembro de 2014, ponto
mais alto da série.
Setores
No primeiro semestre deste ano, o setor de móveis e eletrodomésticos registrou uma queda de 11,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. O IBGE justifica o resultado "pelo menor ritmo de crescimento do crédito com recursos livres, além do comportamento da massa de rendimento médio real habitual dos ocupados".
O segundo maior impacto nas vendas veio do segmento de supermercados e hipermercado, que sofreu queda de 1,8% nos seis meses do ano. O IBGE destaca "a influência da elevação dos preços da alimentação no domicílio".
O segmento de tecidos, vestuário e calçados apresentou variação no volume de vendas de -4,6% com relação a igual mês do ano anterior, sendo a terceira maior participação negativa no resultado do volume de vendas. Em termos acumulados, as taxas foram de -5% no ano e -2,9% nos últimos 12 meses. (Com agências)