São Paulo, 14 - A mudança no mecanismo para determinar a cotação do yuan ante o dólar é um evento positivo para o crédito porque vai ampliar a flexibilidade da moeda da China e dar sustentação aos esforços de Pequim em liberalizar sua conta de capital, segundo relatório da Moody's.
No começo da semana, o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) anunciou que começaria a estabelecer a taxa de paridade entre o yuan e o dólar com base no fechamento da taxa de câmbio do dia anterior.
Para a Moody's, a principal implicação de crédito dessa mudança na política cambial é de que ela contribui no avanço para a liberalização da conta de capital.
Por outro lado, a forte desvalorização do yuan que se seguiu à alteração no regime cambial não tem implicações de crédito perceptíveis porque não impulsionará significativamente o crescimento das exportações, diz a agência de classificação de risco. Além disso, a forte posição de reservas internacionais da China limita qualquer impacto negativo no crédito oriundo de volatilidade nos mercados.
No relatório, a Moody's avalia que a iniciativa da China representa um progresso em relação à preocupação expressa pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre se deve ou não incluir o yuan numa cesta de moedas usada para determinar a taxa dos "Direitos Especiais de Saque" (SDR, na sigla em inglês). Atualmente, quatro moedas - dólar, euro, libra esterlina e iene - são usadas para o cálculo do SDR.
O yuan teve desvalorização de cerca de 3,5% frente ao dólar nos dois dias que se seguiram à mudança no regime cambial chinês. A Moody's prevê que deverá haver uma pressão adicional de baixa na moeda chinesa este ano, mas acredita que uma forte depreciação é improvável.
De acordo com a agência, os fatores que ajudam a sustentar a taxa de câmbio na China incluem o grande superávit em conta corrente do país e as reservas externas, estimadas em US$ 3,7 trilhões. Além disso, os ativos internacionais líquidos do gigante asiático são equivalentes a 17% do Produto Interno Bruto (PIB) e lhe permitem suportar um certo nível de volatilidade cambial.
Na opinião da Moody's, a desvalorização do yuan, que veio após as exportações chinesas mostrarem queda anual de 8,3% em julho, não é suficientemente grande para impulsionar a competitividade de Pequim em relação aos parceiros e rivais comerciais. Desta forma, a agência deduz que a volta de uma expansão mais forte e sustentada das exportações deverá depender mais de uma recuperação mais robusta da demanda de países desenvolvidos do que da taxa de câmbio.