O problema da escassez de energia no Brasi não foi causado pela seca severa, disse hoje o presidente da consultoria PSR, Mário Veiga, durante o seminário sobre Matriz e Segurança Energética Brasileira, promovido pelo Centro de Estudos de Energia da Fundação Getulio Vargas (FGV Energia) e Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV).
Engenheiro eletricista, Mário Veiga já prestou consultoria para o Ministério de Minas e Energia, Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A PSR atua no setor de energia elétrica e gás em mais de 60 países.
De acordo com o engenheiro, a atual baixa nos reservatórios, mais concentrada em São Paulo, não é resultado de uma grande seca. “Se você calcular a quantidade de chuva no período 2012, 2013 e 2014, quando os reservatórios passaram de totalmente cheios para muito vazios, ela foi muito razoável, foi apenas a 16ª pior seca dos últimos 80 anos”, afirmou.
Segundo ele, uma série de fatores provocou a crise energética, como dificuldades no sistema de transmissão e nos equipamentos. “Isso fez o sistema esvaziar. O fato de o sistema esvaziar em condições hidrológicas razoáveis gerou problemas comerciais.”
Veiga lembrou os processos movidos pelas hidrelétricas, termelétricas e distribuidoras para cobrir prejuízos. Para ele, esses fatores levaram ao aumento de 42% nas tarifas para o consumidor final. De acordo com o engenheiro, não há falta de energia atualmente, porque a demanda diminuiu em 2015.
“Perdemos dois anos da demanda, porque a economia desabou. Então, conseguimos economizar os 11% recomendados da pior forma possível, com a queda da demanda. É como melhorar a renda per capita cortando a capita”, disse.
Veiga informou que a situação está melhorando, com o aumento do diálogo entre o governo e o setor energético. Na semana passada, o governo anunciou investimentos de R$ 186 bilhões em energia. Na sexta-feira, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que a tendência agora é que a conta de luz comece a baixar, com as medidas adotadas pelo governo e a entrada de novas fontes na matriz energética do país.
“Apesar de o dólar não estar favorecendo, a tarifa de energia explodiu de tal maneira que, na maioria dos estados, já é mais barato colocar painel solar. O consumidor residencial tem alguns obstáculos. Primeiro é que ele teria de adiantar o dinheiro para construção. O segundo é que, se quebrar ou tiver problema, é com o consumidor. Então, a melhor maneira de fazer isso é uma empresa instalar o equipamento na sua casa e cobrar mensalidade, como é feito nos Estados Unidos.”
O sistema está em análise no país e deve ser implantado brevemente.