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Estado de Minas

Redução do ouro não barateia joia

Cotação do metal precioso cai 38% em quatro anos, mas alta do dólar e crise no país barram queda nas joalherias


postado em 18/08/2015 06:00 / atualizado em 18/08/2015 07:24

No embalo do fortalecimento da economia norte-americana, a cotação do ouro vem caindo no mercado internacional – em julho a onça troy (31,1035 gramas) foi negociada a US$ 1.072,35, o menor valor nos últimos cinco anos. Ontem, o metal precioso fechou cotado a US$ 1.119 a onça, um valor bem abaixo dos US$ 1,8 mil alcançados em junho de 2011. Mas a redução de 37,8% na cotação internacional não está chegando ao preço das joias feitas com ouro no país. Segundo empresários e representantes do setor, o dólar alto somado à retração no consumo brasileiro barram um impacto da queda do preço do metal precioso no valor das peças produzidas com ele.

“Não há nada a comemorar. Assim como todos os outros setores, estamos passando por um ano difícil”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Joalherias, Ouriversarias, Lapidações e Obras de Pedras Preciosas, Relojoarias, Folheados de Metais Preciosos e Bijuterias do Estado de Minas Gerais (Sindjoias), Raymundo Vianna, fundador da joalheria Vianna Brasil. Segundo ele, a queda não é significativa para o mercado interno porque o ouro teve um aumento grande em um curto espaço de tempo. “Ele já chegou a custar US$ 300 a onça troy. Ou seja, houve uma valorização imensa e o dólar na época era mais baixo”, comenta.

Raymundo diz que quem comprou o ouro na época em que ele tinha um valor mais baixo fez um bom negócio. “Hoje, ele ainda é um bom investimento, mas, no momento que estamos passando, nós, joalheiros, temos que buscar alternativas, como diminuir a quantidade de ouro nas joias, apostar nos designers e usar materiais intermediários”, afirma. “O dólar está muito caro para nós, brasileiros, então, o impacto da queda do ouro não vai impactar nos valores das peças comercializadas aqui”, acrescenta.

De acordo com a proprietária da Talento Joias, Maria Tereza Geo Rodrigues, a joalheria vem conseguindo manter seu faturamento este ano. “Tudo é atrelado ao dólar. E o custo de se fazer uma joia vai muito além da matéria-prima. Há a mão de obra, que tem um custo alto, já que nossas peças, por exemplo, são feitas artesanalmente. Se gasto 15 gramas em um brinco de ouro, o preço final não vai cair”, avalia.

Apesar dos custos altos e da retração no consumo, o sindicato informou que, nas datas importantes para o comércio, como o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, este ano, a queda nas vendas em joalherias mineiras foi pequena, algo em torno de 5%. “O Brasil consome 35 toneladas de joias trabalhadas em ouro por ano. São Paulo representa 50% desse consumo, depois vêm o Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 20%, o que significa uma média de 7 mil quilos de ouro trabalhados no estado”, compara. Os valores das joias em joalherias de Belo Horizonte, atualmente, segundo o sindicato, variam de R$ 500 a R$ 40 mil.

Compra e venda A queda no preço do ouro nos últimos anos vem trazendo prejuízo ao comerciante Edmilson Araújo, que há 30 anos atua na compra de metal em uma sala no Centro da cidade. “Com a retração na economia, as pessoas não estão comprando joias, então, o meu negócio, que é comprar ouro, fica prejudicado”, comenta. De acordo com ele, nos últimos dois anos, houve uma redução de 80% no movimento do seu estabelecimento. “Antes, comprava 300 gramas por dia, hoje, tem dias que são 5 gramas. Pago, atualmente, R$ 65, mas já cheguei a pagar R$ 75. Está ruim para todo mundo, e a queda do valor do ouro é péssima para o nosso mercado”, avalia.


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