Um dia após o choque sofrido em bolsas de valores de todo o mundo, motivado por temores relacionados à economia chinesa, o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Dyogo Oliveira, avaliou que o evento "muda o nosso futuro". Segundo ele, não é possível saber ainda quais as consequências e impactos do que está acontecendo na China.
Para o secretário, o país precisa ficar atento ao cenário na segunda maior economia do mundo. "Estamos neste exato momento susceptíveis a uma grande mudança no cenário econômico mundial", avaliou. Ele acredita que será possível avaliar o cenário daqui a alguns dias ou semanas. "Mas não há dúvidas de que isso vai impactar a economia global."
Ao fazer uma avaliação da economia brasileira, Dyogo colocou a crise hídrica como um dos fatores que trouxeram dificuldades ao país. Segundo ele, o custo fiscal de compensação ao custo da energia, que subiu com a seca, foi de R$ 40 bilhões.
O secretário apontou que, de janeiro a julho, os preços monitorados tiveram elevação de 20%, o que teve impacto na inflação. Ele espera, entretanto que a trajetória dos índices se revertam rapidamente, permitindo uma recomposição da renda das famílias em 2016.
Em apresentação no seminário "Elementos para uma nova política industrial do Brasil de 2015 a 2018", Dyogo também indicou que a Operação Lava Jato impacta a economia. Ele apresentou dados de agências de mercado, que estimam que as investigações podem ter influência negativa de 0,9% a 2,5% no PIB.
Na avaliação do secretário, o país deve gastar pelo menos seis trimestres para atingir o nível de atividade econômica registrado antes da crise. "Devemos começar a ter resultados trimestrais positivos no 4º trimestre de 2015 ou no 1º trimestre de 2016", disse.
Orçamento
O secretário disse ainda que o projeto de Lei Orçamentária Anual de 2016, a ser apresentado ao Congresso na próxima segunda-feira, 31, vai trazer um "esforço adicional" neste momento em que as "receitas estão abaixo do esperado". "É bastante importante que estejamos preparados para fazer um esforço adicional, porque toda essa perspectiva de retomada de crescimento depende de termos uma estabilidade fiscal", defendeu.
O secretário não quis indicar quis medidas serão tomadas do lado da arrecadação, com possíveis aumentos de impostos. Se limitou a dizer que o governo está "trabalhando duramente para conter as despesas".
Dyogo informou ainda que a reforma administrativa anunciada ontem pelo governo, com extinção de ministérios e redução do número de cargos comissionados, trará economia da ordem das centenas de milhões de reais, não chegando a cifras bilionárias.