Campos de Jordão, 28 - O ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore disse que se o governo eventualmente enviar a proposta para recriar a CPMF ao Congresso é porque acredita que a mesma será aprovada. "Sou absolutamente contrário, a CPMF tem enormes defeitos, iremos rever algo que achei que estivesse extinto", disse no 7º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, organizado pela BM&FBovespa.
Pastore disse que o governo é fraco e não consegue cortar seus gastos. "Os gastos são incompatíveis com as receitas", disse. Segundo ele, o governo é politicamente frágil e não consegue controlar a inflação, que na sua avaliação, continuará em alta.
"Sociedade vê economia em crise, desemprego crescendo, irritação da sociedade crescendo e isso é uma pressão. Congresso deveria olhar para isso e ver que País estamos construindo", afirmou.
Pastore disse que seria melhor não trazer de volta a CPMF, principalmente enquanto não se corta gastos, mesmo que a dívida pública cresça.
'Limite de tolerância'
Já o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, que particpa do mesmo congresso, disse na manhã de hoje que o "limite de sua tolerância" com a presidente Dilma Rousseff foi quando o governo transformou a dívida pública em superávit primário. "Ali eu parei. Era inútil", disse o ex-ministro ao ser questionado sobre o que teria feito a presidente perder o seu apoio.
Questionado pela jornalista Ana Paula Padrão, mediadora de um debate que ocorre no evento, sobre o porquê de o ex-ministro ter mudado de opinião a respeito do governo após ter sido consultor econômico de Dilma, Delfim respondeu com ironia: "Você acredita no que escreve a imprensa?".
O economista, que participa do evento em Campos do Jordão, acrescentou que desde dezembro de 2012 tem escrito artigos criticando a condução da política econômica da presidente.