O empresário Abilio Diniz disse nesta segunda-feira, que o mercado financeiro já precificou a perda do grau de investimento do Brasil. "Se as agências vierem a tirar mesmo, vai dar um balancinho um dia só e pronto", comentou durante o Exame Fórum 2015, que acontece em São Paulo. Ele se mostrou bastante otimista com as potencialidades da economia brasileira e disse que a crise atual é essencialmente política, o que acaba afetando a economia.
Segundo ele, o déficit público é algo que precisa ser corrigido, mas não há nada iminente que cause grandes traumas na economia. "Nós temos imensas reservas internacionais e uma balança comercial no mínimo equilibrada", comentou. Para Diniz, o governo e a iniciativa privada não são muito diferentes. Enquanto os acionistas escolhem o conselho de administração, o povo elege o presidente e o Congresso. "O que precisamos é ter as pessoas certas no lugar certo. Se o povo escolhe errado, não adianta se queixar muito. Agora, tendo as pessoas certas, os processos têm de ser organizados."
Mesmo assim, ele afirmou que o Brasil precisa corrigir questões estruturais, como a reforma política, o funding de campanhas políticas e a "imensa teia de aranha que é o sistema tributário". "O governo precisa se voltar para isso. Precisamos ter o mínimo de estabilidade política. É preciso reorganizar esse País", afirmou Diniz.
Ele comentou que seria preciso trancar numa sala Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer, ou seja, ou maiores líderes do PSDB, PT e PMDB, e só abrir quando eles chegassem a um consenso para combater a crise. "Ninguém vence a crise sozinho, é preciso somar. Precisamos nos unir. Se tivermos estabilidade política, vamos ter uma solução econômica razoavelmente fácil." Para Diniz, não adianta pedir a saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda, porque se ele quiser, "ele sairá sozinho".
Acionista do Carrefour e presidente do conselho de administração da BRF, Diniz disse também que as duas empresas estão enfrentando e tomando medidas para superar as dificuldades atuais. "O País está difícil. O consumo está difícil, mas acreditamos que somos capazes. Se é marketing do Abilio ou não, estamos crescendo. Não estou ignorando o que está acontecendo no Brasil. Só acho que dá para fazer a nossa parte", afirmou.
De acordo com Diniz, o momento atual não é o pior que ele já vivenciou em sua trajetória. Ressaltou para a plateia de executivos presentes ao evento que é preciso aumentar a produtividade do País, das empresas e do governo. Sem isso, o Brasil não vai conseguir voltar para uma rota de crescimento.