Pela primeira vez, o mercado financeiro previu uma relação negativa para o superávit primário deste ano na comparação com o Produto Interno Bruto (PIB). Segundo a abertura do Relatório de Mercado Focus, divulgado toda segunda-feira pelo Banco Central, essa relação está em -0,10% agora. Vale lembrar que, há uma semana, seguia estável e que essa taxa já chegou a ser superior a 2%.
As projeções vêm se deteriorando nos últimos meses, mas houve uma piora depois que, no fim de julho, o Ministério da Fazenda informou que a meta de superávit primário deste ano mudou de 1,13% do PIB para 0,15% do PIB e que passou a permitir um abatimento de R$ 26,4 bilhões se houver frustração de receitas.
Para 2016, a piora das expectativas também é latente. A mediana está hoje em 0,20% - ante 0,50% da semana passada, mas é preciso destacar que há apenas um mês a previsão era de 1%. Esse esfacelamento das previsões é reflexo do orçamento da União de 2016, deficitário em R$ 30,5 bilhões.
Com isso, o governo deixa de lado a meta de superávit fiscal estabelecida para o setor público consolidado no próximo ano e passa a trabalhar com uma previsão de déficit de 0,34%. Isso porque o rombo no orçamento da União equivale a 0,50% do PIB, enquanto, ao mesmo tempo, o governo projeta um resultado fiscal positivo de 0,16% do PIB para Estados e municípios.
O efeito dominó de piora das projeções pode ser visto ainda para os anos seguintes. No caso de 2017, a taxa mediana do superávit primário em relação ao PIB apresentada pelo mercado financeiro cedeu de 1,15% para 1,00% hoje - estava em 1,80% em 4 de agosto. Para 2018, a expectativa de um mês atrás era de 2%. Caiu para 1,80% na semana passada e chegou a 1,50% nesta segunda-feira. Até para 2019, período mais distante que pode ser observado no boletim Focus, houve deterioração das estimativas para o superávit/PIB: estava em 2% há um mês, continuou neste patamar na semana passada e agora caiu para 1,81%.