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Estado de Minas

Agência rebaixa nota do Brasil e Levy diz que população deve se preparar para mais impostos

Agência rebaixa o Brasil S&P tira o selo de bom pagador do país sob a alegação de que não acredita na convicção do governo em fazer o ajuste fiscal. Déficit, corrupção e disputas internas pesaram na decisão


postado em 10/09/2015 06:00 / atualizado em 10/09/2015 07:17

Brasília – O Brasil deu ontem um grande passo atrás. Nove dias depois de o governo enviar ao Congresso a proposta de Orçamento de 2016 prevendo rombo de R$ 30,5 bilhões, a Standard & Poor’s (S&P), principal agência de classificação de risco do mundo, retirou o grau de investimento do país, a garantia de bom pagador. Agora, o Brasil passa a fazer parte do grupo de nações especulativas, não confiáveis, do qual havia se livrado em 2008, justamente quando a S&P concedeu a chancela que reconhecia os avanços provenientes da estabilidade econômica e do equilíbrio fiscal. A agência colocou o Brasil em perspectiva negativa. Ou seja, pode derrubar novamente a nota do país, agora de BB+, nos próximos meses.

Na avaliação dos especialistas, a partir de agora, o Brasil deve afundar de vez na recessão. As expectativas são de que o Produto Interno Bruto (PIB) caia pelo menos 3% neste ano e mais de 1% em 2016, retração que pode se estender por boa parte de 2017, quando se esperava que a economia já estivesse com o fôlego renovado. O encolhimento do PIB resultará em mais desemprego, com as taxas atingindo pelo menos 10%.

Os analistas também veem o dólar, que vinha caindo há dois dias, avançando rapidamente para os R$ 4. Muitos não descartam que tal patamar de preço seja alcançada ainda hoje. As portas do mercado internacional tenderão a se fechar às companhias brasileiras e as poucas que conseguirem empréstimos terão de arcar com juros elevadíssimos. “Não será surpresa se assistirmos a um processo de fuga de recursos do país”, disse o especialista em finanças públicas Raul Veloso. No entender dele, o dólar mais caro pressionará a inflação, que já está na casa dos 10%.

Ao anunciar o rebaixamento do Brasil, a Standard & Poor’s foi enfática: o pior cenário desenhado para a economia brasileira se tornou realidade. Na avaliação da agência, os riscos para a economia se aprofundaram, diante das divergências da equipe econômica sobre o ajuste fiscal, e da crise política que torna quase impossível a presidente Dilma aprovar medidas que restabeleçam o equilíbrio fiscal, seja aumento de impostos, seja corte de gastos. Pesam ainda contra o Brasil, segundo a S&P, a onda de corrupção na Petrobras descoberta pela Operação Lava-Jato. Duas agências importantes, a Fitch e a Moody’s, ainda mantêm o grau de investimento do país.

Surpresa
Coube ao ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, a tarefa de ser o porta-voz do governo após o rebaixamento da nota do Brasil. Visivelmente nervoso, Barbosa admitiu que a notícia não é boa e que foi pego de surpresa com a decisão da agência americana, mas tentou passar uma imagem de segurança. “O governo brasileiro continua a honrar todos os seus compromissos, todos os seus contratos. As pessoas podem ficar tranquilas”, disse. O ministro disse que a melhora das contas públicas “envolve várias frentes, como o controle dos gastos e a recuperação da receita”. “Esta é uma fase de transição em um momento de dificuldade econômica, que já ocorreu no passado. Tenho certeza que essa avaliação será revertida na medida que as condições econômicas melhorarem.”

Por meio de nota, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, assegurou que o governo está compromissado com o ajuste fiscal. “O governo entende que o esforço fiscal é essencial para equilibrar a economia em um ambiente de incerteza.” Em entrevista à noite, Levy afirmou que o Brasil não está à beira de uma crise, mas a população deve estar preparada para pagar “um pouquinho” mais de imposto. (Colaborou Paulo de Tarso Lyra)

 


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