Após reunião com líderes da base do governo na Câmara para debater a proposta de lei do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que acaba com o regime de partilha na exploração de petróleo, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, disse nesta segunda-feira, que a companhia irá cumprir a legislação vigente, mas avaliou que o momento não é oportuno para que haja uma mudança no regime de exploração. Ele destacou que o mercado de petróleo atualmente não é favorável para a empresa.
"O preço do barril de petróleo (Brent) baixo e o dólar alto são desfavoráveis para a empresa. Temos que ter cautela e continuar o processo de redução de custos", disse Bendine. "A Petrobras sempre vai cumprir o que for determinado pelo Congresso, mas o momento não é oportuno para se discutir uma mudança no regime de exploração", acrescentou.
De acordo com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), a base tentará derrubar a urgência já colocada para a votação do projeto na Casa. "Vamos conversar e tentar convencer os parlamentares de que essa é uma discussão que tem que ser feita mais para a frente. O presidente da Petrobars não entrou no mérito sobre qual regime é melhor, mas nos convenceu de que não é o momento apropriado para o debate", disse.
Já o líder do PP, Eduardo da Fonte (PE), revelou que Bendine teria dito que o atual regime é melhor porque "divide entre todos os Estados". Ainda de acordo com o deputado, o presidente da estatal teria dito não ser favorável à participação de empresas estrangeiras no setor. "Ele é favorável ao atual regime. Nesse momento, com o petróleo barato, não é interessante que haja leilão, pois poderiam haver poucas empresas interessadas", disse o deputado.
Na saída da reunião, ao ser abordado pelos jornalistas, Bendine disse que a licença do presidente do Conselho de Administração da empresa, Murilo Ferreira, na semana passada, ocorreu por "razões pessoais, inclusive de saúde". Ferreira se licenciou até o final de novembro. "O Murilo saiu de licença e vai voltar", frisou o presidente da Petrobras.
Perguntado também sobre os próximos passos do programa de desinvestimento da companhia, que incluiria a venda em lotes da malha de transporte de gás da Petrobras, quebrando assim o monopólio do segmento, Bendine se limitou a dizer que não pode comentar a questão por razões legais.