Depois de frear o consumo de itens essenciais para a vida dos brasileiros, a alta nos preços chegou para o inevitável. Morrer em Belo Horizonte está quase 20% mais caro do que no ano passado – índice bem maior que a inflação de 9,57% no acumulado dos últimos 12 meses. Se antes, em 2014, os preços médios de sepultamento, túmulo, velório, coroa de flores, serviço funerário e caixão somavam R$ 20.481,23, este ano subiram para R$ 24.384,06. A maior alta está no valor da urna funerária, com aumento de 62,82%. De acordo com as empresas responsáveis, os reajustes vieram de fornecedores e, em meio a crise econômica, é impossível não repassar a clientes. Algumas já preveem, inclusive, mais novos aumentos dos seus serviços em até 15% para este ano.
“Tudo aumentou. Os preços das flores, da urna, do verniz, entre outros. Um pacote de crisântemo, por exemplo, custava R$ 8,50 no passado e, hoje, está a R$ 14”, comenta o gerente da Funerária Bom Jesus, Marcílio Marcos Costa. Ele diz que o caixão valia para a funerária R$ 165 até o ano passado e, agora, está a R$ 240. “Com essa alta, vem diminuindo a clientela. Isso porque muitos estão pechinchando mais e preferindo serviços com preços menores, porém, sem qualidade”, reclama Marcílio, acrescentando que, em meados de setembro, geralmente, a funerária fazia uma média de 100 óbitos. “Este ano, foram 55”, compara.
Ele diz que mesmo com a queda na demanda, a Bom Jesus pretende, nos próximos 30 dias, aumentar o valor dos seus serviços funerários em até 15%. “Não tem como segurar mais”, justifica Marcílio. Ainda segundo o levantamento, no bolso do consumidor, outro aumento considerável foi no preço do sepultamento, que no ano passado custava em média R$ 272,04 e hoje custa, em média, R$ 283,96, alta de 4,38%. O valor mínimo da cremação aumentou 4,57%, sendo que, em 2014, custava em média R$ 5.469 r este ano passou a custar, em média, R$ 5.719.
Para o sócio da funerária Carvalho, Renato Furtado, a crise econômica impactou todo o segmento. “A alta da gasolina, por exemplo, trouxe um aumento no transporte funerário”, justifica. Ele diz que a sua empresa ainda não repassou todo o custo que tem tido, mas seus serviços aumentaram no máximo 10% em relação ao ano passado. “Estamos tendo prejuízos, porque, como há uma competividade alta na cidade, fica difícil repassar os aumentos. Por enquanto, estamos segurando nossos preços”, afirma. Ele admite, no entanto, que um serviço funerário de luxo na Carvalho – o que inclui melhores carros para transporte, cerimonial para velório, além de urna de madeira maciça – que custava R$ 8,5 mil no ano passado hoje custa R$ 10 mil, uma alta de 17%. “O serviço simples custava em torno de R$ 1,2 mil e, hoje, custa R$ 1,3 mil.” Renato explica que a maioria das urnas chegam de São Paulo, Santa Catarina e que, em cidades próximas a BH, não há fábricas.