Com queda de cerca de 30% na demanda por jazigos, os cemitérios Renascer e Bosque da Esperança vivem um momento delicado, conforme avalia Aroldo Felício, que trabalha na diretoria comercial do grupo. “Nossas vendas são mais voltadas para as pessoas vivas, aquelas que compram por prevenção. E essa demanda caiu 27% frente ao ano passado”, revela, dizendo que o mesmo percentual de redução foi percebido para os usos imediatos, que são as compras de familiares no momento da morte de um ente. “As pessoas estão buscando os cemitérios públicos, por serem mais acessíveis”, afirma.
Aroldo confirma que para os cemitérios tudo aumentou. “Para nós, houve um aumento de 12% nos valores, sendo que não estamos conseguindo repassar Este ano, não aumentamos mais de 5%, ou seja, os nossos custos estão 'comendo' a margem de lucro”, diz, destacando que a inadimplência de clientes já chega a 40%. “Com a crise na economia, as pessoas deixam de pensar no futuro e evitam a compra de um jazigo como prevenção, preferem, por exemplo, garantir a escola do filho”, exemplifica.
Concentração
Para o economista professor do Ibmec e pesquisador da Fundação João Pinheiro, Felipe Leroy, a criminalidade vem aumentando em Minas Gerais, o que implica no aumento desse tipo de serviço. “Temos dados da Fundação João Pinheiro que mostram uma alta significativa em homicídio em Belo Horizonte. Por isso, por um lado, há demanda sim e, por outro, existe uma restrição na oferta. Isso porque para um cemitério particular é necessária uma concessão na capital”, diz, acrescentando que o setor é altamente concentrado. “As empresas cobram os preços que querem e têm margens de lucro exorbitantes. Algumas tendem a combinar preços, mas justificam a alta dos valores pelo custos”, critica.