São Paulo, 26 - Ante restrições de captação no mercado de capitais no Brasil, os fundos de private equity, que compram participações em companhias, deverão ampliar o prazo de seus investimentos para aguardar um melhor momento para tornar rentáveis os aportes. "Às vezes você tem empresas que estão indo bem, mas se sair agora, se perde tudo com o atual dólar. Então você terá que ficar com a empresa por mais dois, três, quatro anos", disse o presidente do Carlyle no Brasil, Fernando Borges, em apresentação no Fórum Brasil de Fusões e Aquisições e Private Equity 2015. "O período dos investimentos necessariamente será maior. Não vemos muita atividade de saída no curto e médio prazo no Brasil", completou.
O sócio da Pátria Investimentos, Ricardo Scavazza, destacou que deverá haver algumas saídas, mas que elas deverão ser pontuais. "E na hora do investimento deveremos entender isso: desenvolver a empresa para uma saída em uma janela daqui alguns anos pela frente. Isso é natural dentro da atividade do private equity", declarou.
Já o advogado Jonatham Keller, no escritório norte-americano Shearman & Sterling, disse que os fundos poderão buscar alternativas para saída vendendo as participações para investidores estratégicos nos Estados Unidos e Europa. "Vender para empresas que não estão no Brasil, que querem estar", afirmou.
Na sua visão, outras empresas poderão buscar uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nos Estados Unidos. Segundo ele, os custos podem ser mais altos, mas haverá economia para a empresa quando ela precisar acessar o mercado de capitais.
Scavazza, do Pátria, comentou que não acredita nessa alternativa e que o mercado de capitais no Brasil se abrirá em algum momento. "Houve anos em que se podia fazer um investimento e ter saídas mais rápidas, mas essa não é a realidade hoje", falou.
Borges, do Carlyle, disse que, eventualmente, pode haver no Brasil algum evento político que provoque um rally na bolsa brasileira e que isso poderá abrir uma janela para captações. "A empresa que tiver preparada vai conseguir sair. Acho que o mercado de capitais poderá ficar um tempo maior fechado, a situação está instável", prevê. Ele acredita que quando o mercado abrir "os IPOs sem sentido, de holdings ou de empresas que não existem", vão acabar, mas, haverá espaço para a realização de operações de "empresa boa, com fundamento, que tem boa história e com motivos para entrar no mercado de capitais."