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Estado de Minas

Geração de caixa da Eletrobras é incompatível com investimentos, diz Moody's


postado em 29/09/2015 20:49

Brasília, 29 - A geração de caixa da Eletrobras é incompatível com o plano de investimentos da companhia para os próximos anos, de acordo com relatório divulgado nesta terça-feira, 29, pela agência de classificação de risco Moody's. "Ou a empresa revisa seu programa de investimentos, ou melhora sua geração de caixa, pois o plano é incompatível. Os bancos públicos deram suporte à companhia com financiamentos, mas agora isso não é mais sustentável. Ela tem que buscar o mercado de capitais e aumentar a geração de caixa", afirmou o vice-presidente e analista sênior da Moody's, José Soares.

Segundo a agência, a geração de caixa não deve superar R$ 1,4 bilhão neste ano, o que se torna um desafio diante do plano de investimentos da companhia, de R$ 10 bilhões por ano entre 2015 a 2019, e das despesas com financiamentos. A dívida total da empresa deve atingir R$ 56,8 bilhões em 2016, de acordo com a Moody's. A despeito disso, a liquidez da companhia é considerada relativamente adequada para os próximos seis a nove meses.

No relatório publicado hoje, a Moody's destaca que a geração de caixa da Eletrobras deve continuar baixa nos próximos dois anos devido às reduzidas margens da companhia. As receitas da Eletrobras caíram desde que a empresa aderiu à Medida Provisória 579/2012 e renovou suas concessões de forma antecipada. "A MP 579/2012 foi um desastre para a Eletrobras em termos operacionais", disse Soares.

Para a Moody's, para manter o programa de investimentos de R$ 10 bilhões por ano, a Eletrobras terá que buscar R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões em financiamentos bancários e no mercado de capitais. Caso não consiga obter os recursos, a empresa terá que reduzir a projeção de investimentos para algo entre R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões por ano.

A Moody's destaca ainda que a Eletrobras também sofreu os efeitos do déficit de geração hídrica (GSF). Somente neste ano, a empresa deve gastar R$ 2,7 bilhões a R$ 3 bilhões com compra de energia no mercado de curto prazo. Já a venda das distribuidoras não deve gerar receita para a companhia, mas deve ajudar a empresa a economizar, já que essas empresas consomem R$ 1,5 bilhão por ano.

De acordo com Soares, o que pode efetivamente ajudar a Eletrobras é o reconhecimento de créditos do governo em razão das indenizações referentes à Medida Provisória 579. A Eletrobras avalia que teria R$ 30 bilhões a receber, mas a Moody's considera que a empresa deve conseguir R$ 15 bilhões. No entanto, esses créditos seriam recebidos em 27 anos, via tarifa de energia, o que significaria R$ 600 milhões por ano.

Lava Jato

A Moody's menciona que a Operação Lava Jato não oferece risco de crédito imediato à Eletrobras. No entanto, essa avaliação pode mudar dependendo do rumo das investigações, que poderia dificultar a obtenção de crédito pela companhia junto a bancos e ao mercado de capitais.

Sobre Angra 3, a agência afirma que a usina deve custar R$ 15 bilhões e começar a operar até o fim de 2018. No entanto, os financiamentos que a empresa conseguiu com BNDES e Caixa, que totalizam R$ 10 bilhões, devem acabar até o fim de 2016. "Estimamos um injeção adicional de R$ 4,5 bilhões para o projeto em 2017", afirmou Soares.

Para a Moody's, a Eletrobras deve conseguir entregar até 30 de outubro o Formulário 20F à Securities and Exchange Comission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais norte-americano.

A Moody's manteve o rating da Eletrobras em Ba2, dois degraus abaixo do grau de investimento, e sustentou a perspectiva negativa, o que indica um possível rebaixamento no futuro.


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