Brasília, 30 - Uma das ministras mais próximas da presidente Dilma Rousseff, a titular da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou nesta quarta-feira, 30, que "ninguém pode reclamar" do aumento dos combustíveis anunciado pela Petrobras porque o governo está deixando os preços fluírem de acordo com as condições do mercado.
Defensora dentro do governo do aumento da Cide-combustíveis para garantir competitividade ao etanol, a ministra disse que a alta da gasolina e do diesel tem impacto positivo para o setor. Mas, segundo ela, a elevação do tributo - que não precisa do aval do Congresso e pode ser feito por meio decreto - continua sendo necessária. Ela avalia, agora, que a alta da Cide pode ser menor para ajudar o setor do etanol.
"A política do governo não é de controle de preços de combustível. e está deixando as coisas fluírem de acordo com o mercado, era tudo o que nós queríamos. O mercado de preços está livre", disse em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Segundo ela, o fato de a gasolina ter subido 6% efetivamente diminui a necessidade da Cide chegar a R$ 0,60 por litro. "Pode ser menor, porque existe sempre um número inicial que eles cobram do passado. Eles falam R$ 0,10 mais R$ 0,50 para chegar ao patamar que a Cide representava em relação à gasolina", afirmou.
A ministra afirmou que o consumidor que quiser abastecer com álcool não vai pagar o imposto. "Tem uma opção", disse.
À frente do único setor que terá expansão econômica em 2015, a ministra disse que os agricultores estão aproveitando a alta do dólar para vender antecipadamente a safra para se beneficiarem da taxa de câmbio favorável. " O preço lá fora que caiu está compensando o preço do dólar aqui dentro", afirmou.
O Paraná, disse ela, que nunca teve tradição de vender antecipado, vendeu a sua safra 25% antecipado.
Dólar abaixo de R$ 4
O diagnóstico da ministra é que, se o dólar cair, os produtores que venderam em antecipado só têm a ganhar. Na sua avaliação, o dólar cairá para um patamar abaixo de R$ 4. "Essa é uma tendência porque, como a gente espera que a inflação caia, o dólar também. Não em patamares como antes, mas não ficará em R$ 4. Então essas vendas antecipadas protegem o produtor e dão mais garantia para ele", ressaltou.
Na reta final de definição da reforma ministerial, Kátia Abreu afirmou que a mudança na equipe da presidente ajudará na aprovação do segundo ajuste fiscal no Congresso. Para a ministra, a mudança no primeiro escalão trará tranquilidade ao Legislativo. "A presidente vai conseguir reduzir 10 ministérios e ainda acomodar a base de forma mais inteligente e otimizada. Vai dar para acomodar todos os desejos", disse.
Uma das líderes da derrubada da CPMF no Senado em 2007, quando era filiada ao PFL (atual DEM), Kátia disse que faria tudo de novo e que hoje não há outro caminho a não ser elevar a carga tributária. Ele admitiu que tem havido alguns erros nas negociações com o Congresso, mas que estão sendo corrigidos para trazer um pouco mais de tranquilidade. "Prometeu, tem que cumprir. Acho que esta é a regra básica", afirmou. Segunda ela, o Congresso nunca deixou um "desastre" acontecer e o aumento do desemprego é um número que vai sensibilizar os parlamentares para que isso não ocorra. "O que dói a todo mundo é o desemprego, que é desesperador. O Congresso está reagindo", afirmou.