Se o reajuste de 6% no preço da gasolina nas refinarias, anunciado esta semana, for repassado integralmente ao consumidor paulistano, o impacto será de 0,15 ponto porcentual na inflação de São Paulo ao longo deste mês, de acordo com cálculo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O efeito ainda pode ser maior caso o preço do etanol também acompanhe o movimento e seja majorado, alertou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, André Chagas, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S) da Fipe. "Se o etanol acompanhar, o que é provável que aconteça, seria mais 0,03 ponto. Um total de 0,18 ponto porcentual. Pode ser que a influência de alta se alongue até a primeira quadrissemana de novembro", estimou.
Além disso, o coordenador do IPC estima pressões adicionais em serviços de pacotes de telefonia e internet, que já se fizeram presentes na inflação fechada de setembro. A taxa de telefone fixo atingiu 3,22% no mês passado. "Tem ainda o grupo Alimentação, que está deixando de ficar no campo da deflação. Alguns produtos estão reduzindo significativamente a queda, enquanto outros estão acelerando a alta. Alimentação começou outubro em -0,66% e chegou no final em -0,04%", disse, ao citar como exemplo as taxas positivas de 9% em carne suína e de 7,7% em aves, como mostram pesquisas mais recentes (de ponta). "São os exemplos mais gritantes", disse.
De acordo com Chagas, o efeito do dólar alto sobre a inflação paulista ainda é tênue, ou quase nem aparece. No IPC, os panificados e o pão francês ainda têm altas modestas, de 0,34% e 0,26%, respectivamente. "Difícil dizer se tem impacto. Talvez a atividade fraca esteja ajudando a limitar o repasse", voltou a afirmar.
O economista ainda disse que se o dólar continuar avançando, rumo a R$ 5,00, a inflação na capital paulista poderá romper a barreira de dois dígitos. "Não descarto isso. Existe a possibilidade de fechar em torno de 10%, mas terminar em 11% é mais difícil. Psicologicamente um nível de 10% seria uma mensagem péssima", avaliou.
A despeito do ajuste para cima na previsão do IPC para 2015, a Fipe acredita que a inflação poderá fechar outubro em 0,53%, ficando menor que a de 0,66% registrada em setembro, mas acima da taxa de 0,37% vista no décimo mês de 2014. A alta de 0,66% apurada no mês passado, após 0,56% em agosto, veio ligeiramente maior que a estimativa de Chagas, de 0,63%, e também acima da mediana das expectativas do AE Projeções, de 0,62% (previsões de 0,58% a 0,70%).
Apesar da pressão de preços administrados, especialmente da gasolina, Chagas explicou que o IPC de outubro deve ficar com alta menos intensa que a de setembro devido à expectativa de alívio em energia elétrica. "Pode ser que neste mês o repasse de PIS/Cofins seja inferior. Tudo indica que em setembro foi bem mais elevado", explicou. O economista também prevê fim do repasse do aumento de 15% no preço de gás de botijão. "É possível desaceleração ao longo do mês", disse. No mês passado, o item gás de botijão subiu 8,19% no IPC-Fipe.