Com balanços alavancados e sofrendo os reflexos da deterioração da economia brasileira e da ausência de crédito, muitas companhias não têm outra saída a não ser renegociar suas dívidas junto aos bancos. O estresse financeiro de empresas como Petrobras e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) se ampliou diante da disparada recente do câmbio e das taxas de juro fazendo com que mais empresas buscassem um fôlego extra, ao menos, para sua operação de curto prazo.
Dois focos de risco distintos no ambiente corporativo procuram soluções junto às instituições financeiras, de acordo com um executivo de um grande banco. De um lado, estão grupos que entraram na crise muito alavancados, caso da CSN, por exemplo, enquanto, do outro, há empresas com dificuldades por conta dos desdobramentos da operação Lava Jato.
A Petrobras anunciou na quarta-feira a troca de um passivo em dólar por reais, ou seja, de US$ 1 bilhão para R$ 4,075 bilhões, ao prazo de quase dez anos. O empréstimo anterior, contratado há cerca de dois anos, era para exportação ao etanol e trocá-lo deve suavizar o efeito da alta do dólar na situação financeira da petroleira.
Com uma dívida em níveis alarmantes e geração de caixa comprometida, a CSN iniciou uma força-tarefa para renegociar sua dívida de curto prazo, com vencimento em 2016 e 2017, com os principais credores na tentativa de ganhar um fôlego para vender alguns ativos que a ajudarão a reduzir sua alavancagem. No mês passado, a empresa concluiu a operação de alongamento de parte de sua dívida com a Caixa Econômica Federal, no montante de R$ 2,57 bilhões, e com o Banco do Brasil, de R$ R$ 2,208 bilhões. O terceiro maior credor da siderúrgica é o Bradesco, conforme apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, mas não há acordo fechado.
A Log-In, empresa que movimenta cargas por meio de navios, alongou R$ 270 milhões de uma dívida relativa a navios em construção que soma R$ 674 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os vencimentos de outubro de 2015 a 2018 foram esticados até 2034.
O advogado Artur Lopes, especializado em gestão de crise de empresas, sócio da Artur Lopes & Associados, reconhece que muitas empresas estão partindo para renegociação com os credores diante da percepção de que o pior ainda não passou. A escalada do dólar, destaca, afetou muitas cadeias dependentes de material importado que, no contexto atual, estão com os braços atados para se replanejarem.