São Paulo – A produção brasileira de celulose está estimada em 16,5 milhões de toneladas ao final de 2015, o que representa um crescimento de 3,77% na comparação com 2014, quando atingiu 15,9 milhões de toneladas. Os dados foram revelados nesta terça-feira por Carlos Farinha, vice-presidente da Pöyry, em evento do setor.
Farinha comentou que a expansão ocorre, principalmente, com as fábricas da Eldorado, em Três Lagoas (MS), da Suzano, em Imperatriz (MA) e da CMPC Celulose Riograndense, em Guaíba (RS), atingindo plena produção.
Segundo dados recentemente divulgados pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), no acumulado de janeiro a agosto deste ano, a produção de celulose atingiu 11,277 milhões de toneladas, o que correspondeu a um avanço de 5,1% em relação ao mesmo período do ano passado. As exportações nos oito primeiros meses do ano também subiram, 8,6%, para 7,473 milhões de toneladas e as importações no total de 2015 tiveram alta de 3,3%, para 283 mil toneladas.
No mercado global, Farinha destacou que a América Latina representa quase 80% do aumento da produção mundial de celulose fibra curta, sendo o Brasil responsável por boa parte deste porcentual.
O executivo da Pöyry destacou que o principal destino da celulose brasileira é a produção do papel tissue (fins sanitários), imprimir/escrever e papel cartão. Até 2030, a produção mundial de papel deverá alcançar cerca de 482 milhões de toneladas, com uma taxa de crescimento anual de 1,1%. A maior expansão de demanda deverá ocorrer na Índia, seguida por China, África, América Latina e Rússia.
"Quando há aumento do PIB (Produto Interno Bruto) per capita, aumenta também o consumo de papel e papel cartão per capita. Onde as massas aumentam o poder aquisitivo, cresce também o consumo de papel", disse Farinha, alertando, no entanto, que os países em desenvolvimento são compostos por população jovem, que tem maior aceitação de meios de comunicação digitais, o que reduz a demanda por papéis imprimir/escrever.
Os maiores produtores mundiais de papel e papel cartão, segundo as informações da Pöyry, são: International Paper, APP/Sinar Mas, Nine Dragons, UPM, Stora Enso, Oji e Nippon Paper.
No Brasil, os maiores produtores de papel tissue são Mili, Santher, CMPC-Melhoramentos, Sepac, Kimberly-Clark, entre outros. "Há uma clara desconcentração deste segmento", disse Manoel Neves, gerente de estudos econômicos da Pöyry. Do total de tissue consumido no Brasil, papel higiênico representa 74%, em seguida aparece toalha de mão (17%), toalha multiuso (6%), guardanapos (3%) e lenços (0,3%). "Há clara tendência de crescimento dos papéis para fins sanitários", disse Neves.
DESAFIOS Apesar da crescente demanda por produção de celulose, Farinha destacou alguns desafios da indústria brasileira. "A pressão vem da dependência da exportação da commodity. Tem que pensar no que fazer para não ficar tão dependente".
O vice-presidente da Pöyry mencionou ainda os elevados custos de produção e logística no Brasil, além do impacto da alta da inflação no custo da madeira e no preço da terra.