(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Dragão da inflação torna vaga na escola cada vez mais cara

Dados do IBGE mostram que reajustes na área de educação chegam a 9,1% nos últimos 12 meses, os maiores desde 2005. Neste ano, índice de 8,66% supera a inflação acumulada


postado em 09/10/2015 06:00 / atualizado em 09/10/2015 07:25

Em Belo Horizonte, aumento de preços da educação chega a 8,81% de janeiro a setembro e supera o IPCA(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press - 10/3/11)
Em Belo Horizonte, aumento de preços da educação chega a 8,81% de janeiro a setembro e supera o IPCA (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press - 10/3/11)
Brasília – Manter o filho na escola está cada vez mais caro. Da maternidade até a universidade, os custos não param de subir. Nos últimos 12 meses, a inflação da educação – um dos nove grupos pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – teve alta de 9,1%. Essa foi maior taxa para o período desde janeiro de 2005, quando a variação foi de 10%. Ao longo dos nove meses do ano, o avanço dos preços com ensino ficou em 8,66%, alta de 1,32 ponto percentual em relação ao indicador geral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no acumulado do ano.

Os altos custos com a educação estão tirando o sono dos pais, principalmente daqueles que têm filhos matriculados em creches, cujas mensalidades acumulam alta de 15,8% em 12 meses. A situação não é muito diferente nas instituições de ensino infantil ao ensino médio, onde a variação em 12 meses também está acima dos dois dígitos. Que o diga a dona de casa Selena Lira, 50 anos, que está assustada com o crescimento de custos com a educação do filho, Samuel Lira, 11. “A atual conjuntura tira o sono porque a gente não sabe o que está por vir. É preocupante não termos uma economia estável, não sabendo prever e nos adequar às incertezas que nos cercam”, disse. No ensino infantil, fundamental e médio, o aumento acumulado é pouco superior a 10%.

Entre as 13 regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, apenas em Curitiba e Fortaleza o custo de vida com educação no acumulado do ano ficou abaixo da inflação média no período. Em Belo Horizonte, as despesas com ensino subiram 8,81%, aumento de 1,78 ponto percentual frente à carestia na capital mineira em nove meses. “Nunca vi um aperto tão grande no meu orçamento com educação como vejo hoje. E, pelo visto, a tendência é só piorar. Não vejo os preços de materiais escolares caindo, pelo contrário. O valor das mensalidades no próximo ano também parece que será maior”, lamentou Selena.

O sentimento de Selena de arrocho na renda e as preocupações com os gastos no próximo ano não são à toa. Em Brasília, as mensalidades escolares terão reajuste médio entre 10% e 16% em 2016 – até o dobro da inflação no ano. As instituições de ensino alegam que os gastos com materiais, como equipamentos de informática, e insumos, como água e luz, além dos reajustes salariais de professores e auxiliares, foram acima da inflação em 2015.

Já os gastos com material escolar também estão subindo. Em 12 meses, os preços de artigos de papelaria, por exemplo, subiram 10%. E a expectativa é de que essa alta seja mantida, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (ABFIAE), Rubens Passos. Assim como as escolas também apontam custos maiores com insumo e mão de obra, o setor enfrenta as mesmas situações. “O preço das matérias-primas e do papel é cotado em dólar no mercado internacional. Isso traz impacto para as indústrias e, consequentemente, para o consumidor final”, explicou.

A valorização da moeda norte-americana, por sinal, continuará sendo um dos principais vilões nos desembolsos com material escolar até o fim de 2015 e em 2016. Passos acredita que esse efeito provocará aumento entre 9% e 11% em produtos fabricados no país, como caneta, borracha e massa escolar. Por sua vez, os produtos importados, como mochilas, lancheiras e estojos – que respondem por 90% da oferta disponível no varejo –, terão aumento entre 25% e 35%. “Às famílias, não há muito o que fazer. A dica é procurar antecipar a compra de materiais e fazer pesquisas de preços. A tendência é que os lojistas escoem os produtos atuais e comecem a vender mercadorias novas, mais caras”, disse o presidente da ABFIAE.

O avanço dos custos com educação, no entanto, é mais do que conjuntural, avaliou Fábio Bentes, economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC). “É um problema estrutural. Há uma demanda muito grande por serviços de educação particular, tendo em vista o nível da educação pública, que não agrada a muitos. Os pais não abrem mão de manter os filhos no colégio particular a menos que sejam forçados a isso”, justificou.

Para Bentes, a resistência das famílias em abrir mão da qualidade dos serviços particulares, além da expectativa de reajustes nas mensalidades escolares acima de dois dígitos, farão com os preços de serviços e produtos ligados à educação mantenham-se em alta por mais tempo, ainda que o país esteja em recessão. “Tudo vai depender de quanto tempo durar a crise. Pode acontecer que o aumento do desemprego e um avanço da inadimplência levem os pais, ainda que forçadamente, a tirar os filhos do período integral ou mesmo do ensino particular”, analisou.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)