O Dia das Crianças pode salvar o ano de comerciantes do segmento infantil. Confirmando o otimismo de muitos lojistas de Belo Horizonte, que esperavam um desempenho igual ou um pouco superior ao registrado em 2014, o movimento de última hora nas lojas foi além. Houve consumidores apertando o freio para os valores dos presentes, assim como aqueles que ultrapassaram o tíquete médio de R$ 117 – calculado pela Câmara dos Dirigentes Lojistas da capital (CDL/BH). Apostando na teoria de que, com a crise, muitas pessoas deixaram de viajar e aproveitaram a economia para gastar com a criançada, há comerciantes já considerando a data a melhor de todos os tempos.
“É a nossa melhor data dos últimos anos. Não esperávamos um movimento tão intenso”, comenta a gerente do PB Kids, no BH Shopping, Marielle Simões. Ela diz que, mesmo otimista para o período, com a crise, não esperava um crescimento grande nas vendas. “Sabemos que o nosso melhor dia ainda é segunda-feira (amanhã), mas hoje (ontem) já superamos toda a nossa expectativa, tanto é que calculávamos aumentar em 8% nossas vendas e já apostamos em uma expansão de 14%”, revela.
Marielle conta que a loja não é voltada para lembrancinhas. Por isso, o tíquete médio para o Dias das Crianças lá é de R$ 145. “As pessoas, aqui, não estão buscando preços. Buscam os brinquedos que estão na mídia”, conta. Para atrair a clientela, a PB Kids fez promoções. O Furby Boom, por exemplo, passou de R$ 399,99 para R$ 199,99. A Barbie Luzes saiu de R$ 149,99 para R$ 89,99. “As pessoas não estão viajando e aproveitaram a ocasião para presentear”, comenta Marielle. Prova disso é que, na loja Brinkare, no Centro, um dos presentes mais vendidos ontem foi a moto elétrica, que custa R$ 709. “Há também uma procura grande por brinquedos didáticos”, comentou o gerente da Brinkare, Leandro Tadeu.
EFEITOS DO CÂMBIO Tanto na Brinkare quando na PBKids, muitos produtos são importados e, na primeira, a alta do dólar influenciou nos preços e também no que foi para a prateleira. “Este ano, com o valor da moeda norte-americana, a Barbie ficou cara demais, não a trouxemos. Para outros produtos, tivemos que reajustar os valores”, comentou Leandro, que não acredita em aumento nas vendas da loja, mas em uma redução de 30%. Já na PB Kids, de acordo com Marielle, o estoque foi feito antes da alta do câmbio. “Tem produtos, como o Furby, que está na promoção, e tem valido mais a pena comprá-lo aqui do que lá fora”, comparou.
Quem aproveitou o sábado para Ir à caça dos presentes para a meninada não se arrependeu. Marcilene de Moura, por exemplo, encontrou no shopping preços melhores do que nas lojas de bairro e até do Centro. “O carrinho de boneca que a Yasmim queria custou R$ 39,90, sendo que no Centro estava R$ 10 mais caro”, comparou, acrescentando que, este ano, reduziu os custos. “Antes, gastava em torno de R$ 100 com a Dia das Crianças, mas, este ano, sem deixar de presentear, procurei presentes mais em conta. E as lojas estão cheias”, reparou.
Apesar de Marcilene ter achado os preços dos brinquedos oferecidos no Centro de BH mais caros, lá o movimento foi intenso. “Às 10h, já não tinha como entrar. Será uma data com vendas acima do que esperávamos, principalmente, por se tratar de um ano em que as pessoas estão economizando”, comenta a gerente da 1,99 +, no Centro de BH, Riseth Vasconcelos da Silva. Ela acredita que o seu público, que busca presentes com valores mais baixos, não quer gastar muito, porém, quer presentear de qualquer forma. “Vamos abrir até na segunda-feira. Desse jeito, com os corredores cheios, vamos recuperar as vendas”, comemorou. A consumidora Juliana Mendes, que deixou para comprar o presente da filha ontem, disse que os preços estão razoáveis.
CONTRAPONTO Embora muitos lojistas tenham comemorado a véspera do Dia das Crianças, outros não tiveram a mesma sorte. Na Cash Box, da Savassi, por exemplo, de acordo com a gerente Sandra Souza, em relação ao ano passado, a perda foi de R$ 1 mil. “Teve um movimento, mas as pessoas vieram para comprar coisas muito baratas. Já esperávamos por isso”, lamentou.