Rio - No pior resultado do varejo restrito desde março de 2003, o setor de hipermercados e supermercados teve um papel determinante na queda de 6,9% no comércio em agosto ante agosto de 2014, afirmou nesta quarta-feira, 14, Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor contribuiu, sozinho, com -2,4 ponto porcentual na taxa.
"A inflação de alimentos está evoluindo acima da inflação geral. Isso é um fator inibidor de consumo", disse Isabella. "Um dos fatores que fez com que a inflação de alimentos aumentasse é a alta do dólar. Os reajustes na energia elétrica também pesam", acrescentou. Segundo o IBGE, itens como farinha de trigo, óleo de soja e pão francês são afetados pelo avanço do câmbio.
Além da inflação, a perda real nos salários sentida pelas famílias brasileiras também leva os consumidores a substituírem produtos de sua cesta de consumo. "Com a desaceleração da renda e uma pressão inflacionária, as famílias têm menos renda disponível. Com isso, elas reveem seus hábitos de consumo, cortando itens mais supérfluos para não desequilibrar o orçamento doméstico ou mesmo entrar em algum tipo de endividamento", afirmou Isabella.
O segundo setor que mais influenciou o resultado foi o de móveis e eletrodomésticos, cuja queda de 18,6% em agosto ante agosto de 2014 gerou uma contribuição de -2,2 ponto porcentual na taxa geral. Neste caso, o encarecimento do crédito é o principal vilão.
No varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, a queda de 9,6% nas vendas em agosto ante igual mês de 2014 foi puxada pelo setor de veículos, cuja atividade cedeu 15,7%. "Como veículos e materiais de construção são demandados por empresas, não só por famílias, o menor nível de atividade econômica acaba influenciando", explicou a gerente.