O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, criticou a volta da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), oito anos depois de extinta. "A recriação não resolve, ela prejudica a cadeia produtiva", disse. Andrade também disparou contra o governo, a oposição e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Vendeu as reformas necessárias ao país para se reeleger", afirmou.
A declaração foi feita durante a apresentação do Projeto Sudeste Competitivo na manhã desta segunda-feira em Belo Horizonte, evento patrocinado pela CNI e por federações que aponta gargalos e soluções para a logística da região até 2020. Segundo o documento, a região Sudeste precisa de R$ 63,2 bilhões de investimentos na malha de transportes. Esse é o valor necessário para executar, até 2020, 86 projetos prioritários para modernizar e integrar o sistema logístico de Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Uma vez concluídas, as obras propiciarão uma economia anual de até R$ 8,9 bilhões com o transporte de cargas para o setor produtivo, com base na movimentação projetada para o fim da década.
Para se chegar aos projetos prioritários, foram analisadas 337 obras de ampliação e modernização de portos, aeroportos, ferrovias, rodovias, hidrovias e dutos. Executá-las por completo significaria investir R$ 219,1 bilhões, até 2020, com redução anual de R$ 13,4 bilhões em despesas com transporte. Para otimizar a aplicação dos recursos, o Sudeste Competitivo selecionou o conjunto de projetos que, com o menor custo, se alcançará a maior economia. Assim, com 28,8% dos recursos (R$ 63,2 bilhões), chega-se a 66% da economia potencial (R$ 8,9 bilhões) projetada para 2020.
Depois de apresentado, o projeto será encaminhado ao governo federal. "Podemos mostrar aos governos que eles devem investir prioritariamente nesses projetos, que podem atrair investimentos e ajudar o país a crescer de maneira ordenada", diz Robson Braga de Andrade.
Governo
O ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Ricardo Berzoini, reconheceu nesta segunda-feira que o Executivo terá dificuldade para aprovar a recriação da CPMF no Congresso Nacional, mas afirmou que o governo tentará a aprovação por meio do debate político.
Em entrevista após reunião de coordenação política comandada pela presidente Dilma Rousseff, o ministro disse que o governo vai respeitar a palavra do relator do Orçamento 2016, Ricardo Barros (PP-PR), mas dialogará para aprovar a proposta.
Berzoini ressaltou que o governo não ignora as dificuldades para aprovar as medidas do ajuste, mas que já vem notando uma melhora do ambiente político para aprovação delas. Segundo ele, o governo aposta que essas medidas vão ajudar a melhorar as expectativas no País. (Com agências)