Em mais um capítulo da polêmica novela sobre o uso do aeroporto da Pampulha, a Infraero deu início a execução de intervenções no terminal de passageiros para adequar as instalações às necessidades para receber aeronaves de grande porte. Serão feitas obras pontuais para possibilitar o vaivém de um número maior de passageiros. Paralelamente, a estatal apresentou plano um para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para aumentar o número de voos na Pampulha.
As intervenções vão da recolocação de balanças para bagagens, adequação dos canais de inspeção e melhoria nos sanitários no terminal até serviços de drenagem das áreas da pista e do pátio de aeronaves. “O plano de trabalho citado tem como objetivo adequar o terminal para esse possível aumento de demanda”, diz trecho de nota da Infraero.
Tanto o governo estadual quanto a Prefeitura de Belo Horizonte têm demonstrado apoio ao aumento de fluxo na Pampulha, o que, na prática, segundo eles, facilita o vaivém de empresários de outros estados. De olho nesse mercado, a Azul deu importante passo meses atrás ao transferir parte das operações para outras capitais do aeroporto de Confins para a Pampulha e, no sentido inverso, os voos para o interior. Mas a companhia recuou parcialmente da decisão e, a partir de 5 de novembro, das quatro rotas transferidas para a Pampulha permanecerá apenas com duas (Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e Viracopos, em Campinas).
Em resposta, a Gol entrou com uma série de pedidos de operações, mas, por enquanto, todos foram negados por causa das restrições operacionais em vigência na Pampulha. A negociação da Infraero com a agência reguladora pode derrubar o limite atual.
Perturbação e insegurança
Contrários ao aumento de fluxo operacional na Pampulha, moradores têm se unido para tentar impedir qualquer medida favorável a aeronaves maiores. O aviador e perito em prevenção de acidentes aeronáuticos, Carlos Conrado, critica a posição da Infraero. Segundo ele, o terminal de passageiros é limitado para receber passageiros, tendo apenas dois banheiros no saguão, número insuficiente de prestadores de serviço e área insuficiente nas salas de embarque e desembarque.
”As instalações são inadequadas para qualquer aumento de passageiros”, afirma. Além disso, ele diz ser necessário outros ajustes para receber maior quantidade de aeronaves. “A transferência [de voos para Confins] foi uma solicitação das empresas por causa da estrutura da Pampulha. O que foi feito de lá para cá para melhorar?”, questiona Conrado.
Demanda cai
A demanda doméstica por viagens aéreas recuou 0,8% em setembro na comparação com igual mês do ano passado, segundo a Associação Brasileiras de Empresas Aéreas (Abear). Os números recuaram pelo segundo mês consecutivo. No ano, foram 71,5 milhões de passageiros transportados até o momento, crescimento de 2,94% sobre os mesmos nove meses de 2014. No mercado internacional, a demanda cresceu 14,37% em setembro frente ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, a demanda internacional registra alta de 14,70%. Ao todo, 5,5 milhões de passageiros foram transportados, avanço de 16,21% no período.