Alessandra Azevedo e Mariana Areias
Especial para o EM
Por isso, antes de pensar no ano-novo, é preciso anotar, um a um, todos os débitos que ainda assombram 2015. Fazer uma lista de gastos pode ser chato, mas é um instrumento valioso na hora de definir as prioridades. “O ideal é que as pessoas especifiquem as quantias devidas, os credores e o valor referente a todos os juros, sem deixar nada de fora”, ensina o consultor financeiro Mauro Calil, do Banco Ourinveste. Mesmo que perca horas de sono, o trabalho rende bons resultados.
A assistente administrativa Ana Catarina Gertrudes, de 23 anos, aprendeu a lição depois de ter ficado com o nome sujo no ano passado em função de uma dívida de R$ 800, que acumulou juros até chegar aos R$ 2 mil. Devido ao trauma, ela abandonou o cartão de crédito e passou a fazer planilhas com as despesas mensais, métodos que garantiram que ela fechará o ano sem dívidas. “Ter a consciência tranquila de que não devo a ninguém me estimula a continuar planejando minhas contas. Vi que o resultado valeu a pena e a sensação de paz não tem preço”, comemora.
Pendências Para conseguir se livrar das pendências, Ana precisou acrescentar à rotina hábitos recomendados por todos os especialistas em finanças: organizar as contas e evitar parcelamentos. “Hoje em dia, só faço compras quando a despesa cabe no orçamento. Se quero comprar algo, guardo dinheiro para pagar à vista. Assim, ainda tenho a vantagem de obter bons descontos”, diz. Além disso, ela passou a buscar alternativas para aumentar a renda. “Costumo vender coisas de casa, principalmente roupas da minha filha de sete meses, objetos decorativos e até móveis”, ressalta. O dinheiro arrecadado vai direto para a poupança que abriu quando engravidou.
Prática aprovada pelos especialistas. “É importante fazer uma reserva mensal para ser usada em casos de emergência, como doenças ou uma viagem imprescindível”, recomenda Calil, do Ourinveste. O ideal é guardar pelo menos 10% dos rendimentos do mês e ter, no mínimo, uma reserva equivalente a três meses de salário para o caso de imprevistos. Quem opta por isso corre menos risco de passar o fim de ano apertado.
Mas, para a poupança funcionar, o dinheiro deve ser reservado assim que o salário cai na conta. Esperar que sobre alguma quantia no fim do mês é um tiro no pé, porque dá margem para que o valor, sem destino, seja usado para gastos desnecessários ao longo do mês. Outra dica é usar todas as rendas extras para pagar as dívidas, opção que as pessoas têm explorado cada vez mais.
Planejamento “O meu 13º já tem destino: quitar o que falta para virar o ano sem pendências. Com o que sobrar, darei lembrancinhas de Natal, só para não perder a tradição”, assinala o assistente administrativo Matheus Eleutério, de 24, que tem feito de tudo para não virar o ano endividado. Ele faz parte dos 74% de brasileiros que pretendem usar o benefício para pagar contas já adquiridas, de acordo com a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) – índice que, no ano passado, era de 68%.
Se, mesmo assim, o dinheiro não for suficiente, vale a pena renegociar as dívidas com o banco. Muitas vezes, as instituições financeiras oferecem descontos e podem até retirar os juros embutidos nos débitos. “A prioridade deve ser pagar as contas mais caras e atrasadas”, explica Calil. “Os consumidores têm dificuldade em se livrar do endividamento porque usam operações de crédito com taxas de juros muito altas”, alerta o economista-chefe da Opus Investimentos, José Márcio Camargo.