Depois de registrar queda consistente por sete anos consecutivos, o número de crianças empregados no Brasil voltou a crescer em 2014, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Os indicadores mostram que no ano passado o número de meninos e meninas e 5 a 13 anos que trabalhavam subiu de 506 mil para 554 mil. O resultado é reflexo da piora nas taxas de desempregos no país, que, no ano passado, pelo segundo ano consecutivo, voltou a subir, passando de 6,5% para 6,9% entre a população com mais de 15 anos de idade.
“O pai desemprega e a criança começa a trabalhar para ajudar em casa”, resume a coordenadora do Fórum Estadual de Erradicação e Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador (Fectipa), Elvira Cosendey. A especialista afirma ainda que a primeira consequência direta é a evasão escolar. Isso porque as crianças não conseguem estudar e trabalhar e perdem o interesse pelos estudos com o cansaço, até abandonar. “Não estudou, não arruma emprego, acaba nos programas de renda mínima e, assim como os pais, colocando o filho para trabalhar. Está fechado o ciclo da exclusão”, afirma.
Em 2013, eram 325 mil pessoas de 5 a 13 anos trabalhando em atividades agrícolas. O contingente aumentou para 344 mil um ano depois. Nos serviços não-agrícolas, a alta foi de 181 mil para 210 mil. Portanto, pelos números, 62,1% dos empregos estão concentrados em atividades agrícolas. “É o filho ajudando o pai nas atividades que ele ajudava a fazer. Ajudando a semear a terra, ajudando a descascar o milho”, afirma a gerente da Pnad, Maria Lúcia Vieira.
Renda No ano passado, o crescimento das taxas de desocupação foram mais significativas no Sudeste (15,8%) e no Nordeste (5,2%), mas o indicador apresentou piora em todas as regiões pesquisadas. Com isso, as taxas de desocupação subiram para 7,3% e 8% nas duas regiões. O principal reflexo no aumento da desocupação é sentido entre os jovens de 18 a 24 anos de idade. Mais de um terço da faixa etária encontrava-se sem emprego no período. A taxa de desocupados subiu de 32,7% para 34,3%.
Em contrapartida, o rendimento médio mensal real dos trabalhadores teve alta de 0,8%, passando de R$ 1.760 para R$ 1.774 no comparativo entre 2013 e 2014. A maior elevação foi percebida na Região Sudeste, apesar de ter sido também a que teve maior alta da taxa de desemprego. A renda média subiu 2,5%.
Junto a isso, a proporção do rendimento do trabalho das mulheres em relação ao dos homens passou de 73,5% para 74,5% no comparativo entre os dois últimos anos. Os dados, referentes a 2014, indicam que o rendimento médio de uma mulher no país era de R$ 1.480, enquanto o dos homens era de R$ 1.987. Elas, portanto, receberam em média R$ 507 a menos do que eles. Houve tímida melhora dessa relação, de 0,3 ponto percentual, entre 2013 e 2014. A distância salarial entre os sexos está em trajetória de queda há dez anos – em 2004, elas recebiam 62,9% do rendimento deles.
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Analfabetismo
Apesar do longo caminho a percorrer, o Brasil conseguiu progredir nos indicadores da área de educação em 2014. A taxa de analfabetismo no país encolheu e mais crianças estão frequentando a escola. Segundo dados da Pnad 2014, a taxa de analfabetismo do país recuou de 8,5% em 2013 para 8,3% da população com 15 anos ou mais. A população analfabeta nessa faixa era de 13,2 milhões no ano passado. São 100 mil pessoas a menos que não sabem ler e escrever no país.
População
A população brasileira cresceu 0,9% no ano passado e totalizou 203,2 milhões de pessoas, segundo a Pnad 2014. Comparando a 2013, o total de residente no país cresceu em 1,7 milhão de pessoas. A maior parte da população (45,5% do total) se declarou de cor branca (92,4 milhões de brasileiros). O grupo de pessoas que se declarou de cor parda representava 45% do total, ou 91,5 milhões. Mais 17,4 milhões de pessoas se declararam de cor preta (8,6% do total) e 1,8 milhão de pessoas declarou outra cor ou raça (indígena ou amarela), ou 0,9%.
Saneamento
Mais 1,9 milhão de famílias brasileiras passaram a ter acesso a água tratada em 2014, segundo dados da Pnad 2014. Foram contabilizadas 57,2 milhões residências com abastecimento hídrico no período – um aumento de 3,5 % em relação ao ano anterior. O número de casas com esgoto tratado também cresceu em 1,2 milhão. A proporção de casas com a rede coletora passou de 63% em 2013 para 63,5% em 2014. O percentual de casas com energia elétrica também cresceu, passando de 99,6% para 99,7% – número é 1,9 milhão superior ao do ano anterior.