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Estado de Minas

Dólar caro encarece importados e abre espaço para bebidas nacionais

Aumento da moeda dos EUA eleva preços de produtos internacionais e aumenta procura por vinhos e espumantes fabricados no país. Com o fim do ano, demanda cresce até 30% nas lojas especializadas


postado em 28/11/2015 06:00 / atualizado em 28/11/2015 07:46

Gerente de Varejo da Casa Rio Verde, Renato Vinhal diz que procura aumentou devido à elevação da divisa(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Gerente de Varejo da Casa Rio Verde, Renato Vinhal diz que procura aumentou devido à elevação da divisa (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

A escalada do dólar este ano prejudica o consumidor brasileiro em relação à compra de produtos importados, que estão mais caros. Por outro lado, gera efeitos positivos para alguns setores da indústria nacional. O fim do ano se aproxima e, com ele, as confraternizações que pedem bons vinhos e espumantes para festejar. Com a cotação da moeda norte-americana perto dos R$ 4, os brasileiros já voltaram os olhos para as bebidas nacionais e estão dispostos a substituir as que vêm de fora pelas produzidas no país. Em alguns estabelecimentos de Belo Horizonte, a procura por vinhos e espumantes fabricados no Brasil já aumentou até 30%.

Na Casa Rio Verde, as vendas dos produtos nacionais já cresceram 30%. De acordo com o gerente de Varejo, Renato Vinhal, diante do aumento do dólar, o consumidor já está mais tendencioso a comprar, principalmente, o vinho brasileiro, que ainda não tem tanta presença de mercado.

“A demanda pelos espumantes produzidos no país já é grande, pois o produto nacional já é consolidado e compete bem com os importados. A procura pelos vinhos brasileiros também aumentou muito, principalmente devido à elevação do dólar”. Vinhal revela que a casa trabalha com as marcas Adolfo Lona, Lídio Carraro e Courmayeur e está investindo ainda mais na diversidade dos modelos de cestas de Natal com produtos nacionais para atender a expectativa do cliente.

A Casa do Vinho, mais focada na comercialização de bebidas importadas, teve que repensar o estoque de fim de ano diante da alta do dólar. Segundo o sócio-proprietário, André Martini, as vendas da casa não caíram, no entanto, neste momento é preciso oferecer mais opções nacionais ao consumidor para evitar a queda. “Com o câmbio neste patamar, o reajuste de vinhos e espumantes importados seria de 40%. Contudo, consegui segurar e não repassei todo o aumento. Ainda assim, os produtos importados estão 15% mais caros. Estamos apostando nas vendas dos espumantes nacionais para este fim de ano. Eles são o carro-chefe dos produtos nacionais, com qualidade competitiva diante dos importados e boa fatia de mercado.

Para reforçar a aposta, Martini revela que a Casa do Vinho desenvolveu um espumante próprio, em parceria com a vinícola Luiz Argenta, nas opções brut branco e brut rosé. Segundo ele,  são bebidas com preço muito justo e competitivo para agradar a clientela. “Já os vinhos preocupam, pois somos muito dependentes dos importados”, diz o empresário.

Impacto De acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o câmbio favorece os produtos nacionais, mas os produtores devem sentir um impacto mais positivo no próximo ano, caso o dólar continue valorizado frente ao real. O gerente de Promoção do instituto, Diego Bertolini, acredita que, neste momento, a questão psicológica do consumidor de ir em busca de um produto mais barato já influencie nas vendas de espumantes e vinhos nacionais.

“A maioria dos comerciantes ainda não repassou ao consumidor toda a elevação do câmbio nos produtos importados devido aos estoques mais antigos. O repasse deve ser feito de forma mais significativa no próximo ano, aí sim, favorecendo o produto nacional.” Bertolini lembra, no entanto, que, com o dólar caro, os insumos também aumentaram para os produtores brasileiros. “Os agrícolas tiveram alta de 40%, e os enológicos, baseados no dólar, de até 50%”, revela. Mas os fornecedores brasileiros estão otimistas. Segundo dados do Ibravin, de janeiro a outubro deste ano, o volume de vendas de espumantes foi quase 20% maior se comparado ao mesmo período do ano passado, o de vinhos cresceu 8%, e o suco de uva teve alta de 30%.


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