Pequim, 30 - Enquanto a China se prepara para o esperado anúncio do Fundo Monetário Internacional (FMI), de que o yuan vai se juntar ao clube de elite das chamadas moedas de reserva, as autoridades do gigante asiático terão de provar que são capazes de tratar a divisa chinesa como tal.
Nesta segunda-feira, espera-se que o FMI anuncie que, no próximo ano, incluirá o yuan na cesta de moedas que compõem suas reservas de crédito, um status conferido hoje apenas ao dólar, euro, libra e iene.
A eventual inclusão representaria o reconhecimento de que o perfil do yuan está se aperfeiçoando, em linha com a posição da China nas finanças globais. Por outro lado, a possível mudança aumentará a pressão sobre Pequim para mudar totalmente a forma como administra o yuan e se comunica com os investidores e com o mundo.
Como resultado, as promessas da China de diminuir o controle sobre o valor do yuan e abrir seu sistema financeiro ficarão ainda mais em evidência.
"Teremos de ampliar a confiança em ativos denominativos em yuans, tanto dos investidores domésticos quanto do exterior, e, ao mesmo tempo, evitar os riscos financeiros associados a uma moeda mais global", comentou Sheng Songcheng, chefe do departamento de pesquisa e estatísticas do PBoC, como é conhecido o banco central chinês. "Isso significa realizar várias reformas financeiras de forma coordenada."
A inclusão do yuan também vai pressionar o PBoC a oferecer o mesmo grau de clareza e transparência do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), do Banco Central Europeu (BCE) e de outros BCs relevantes. E isso pode ser difícil. Apenas nos últimos seis meses, o BC chinês surpreendeu os mercados com uma desvalorização inesperada do yuan, se pronunciou muito pouco sobre o período de turbulência que as bolsas locais enfrentaram em meados do ano e confundiu os investidores ao emitir um decreto que já existia há meses.
"(O PBoC) precisa se comunicar de forma mais clara e eficiente com o mercado", disse Zhou Ping, fundador da Bin Yuan Capital, uma administradora de ativos de Xangai. "Seria, mais ou menos, uma mudança cultural para o banco central"
Um desafio imediato será lidar com a pressão do mercado para enfraquecer o yuan, diante da desaceleração da economia chinesa, depois de o PBoC passar três meses tentando fortalecê-lo. Assessores do PBoC e analistas dizem que o banco provavelmente permitirá uma depreciação gradual e modesta da moeda, algo em torno de 3% a 5% nos próximos 12 meses. A tarefa do BC chinês, dizem economistas, será sinalizar suas intenções ao mercado com clareza.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, e um relatório da equipe da entidade já apoiaram a inclusão do yuan na cesta, que é conhecida como SDR pela sigla em inglês.
A inclusão, se confirmada, vai marcar um grande feito do presidente do PBoC, Zhou Xiaochuan, e de outros dirigentes do banco, que vêm angariando apoio político em torno da ideia de que o status do yuan nas finanças internacionais deve igualar a influência da China, como uma potência emergente global.
Para atender os critérios do FMI, o PBoC implementou uma série de mudanças, incluindo a liberalização das taxas de juros e o acesso mais fácil dos investidores estrangeiros aos mercados chineses. Fonte: Dow Jones Newswires.