Três em cada quatro empresários do comércio da capital mineira projetam vendas piores no Natal deste ano em relação a 2014. Com isso, a projeção da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) é de retração de 2,15% das vendas de dezembro, o que pode significar a primeira retração no período pelo menos desde 2008. O resultado esperado é reflexo da combinação de inflação e desemprego em patamares elevados e da crise político-econômica, dizem os lojistas.
No outro lado da ponta, dois em cada três consumidores indicam que vão consumir menos no Natal deste ano, enquanto 16,7% afirmam que pretendem consumir mais. O restante manterá o padrão do ano passado. A justificativa é praticamente a mesma dada pelos empresários – inflação, desemprego e crise política, além da falta de dinheiro.
O presidente da CDL-BH, Bruno Falci, chama atenção para a pergunta feita aos empresários sobre as metas para 2016: 73,7% dos entrevistados responderam não ter nenhuma meta. “Estamos em uma crise de confiança. O consumidor que tem dinheiro no bolso não compra porque não sabe o dia de amanhã. As pessoas estão desiludidas, descrentes, não conseguem pensar a longo prazo”, afirma Falci.
Falta de confiança retratada na expectativa de tíquete médio por parte dos empresários. Segundo a pesquisa, neste ano o valor médio dos presentes deve ser de R$ 88,56, enquanto um ano antes foi de R$ 195,13, recuo de 55,62%. Além do valor médio para cada presente ser menor, o número de pessoas presenteadas também deve ser menor. Neste ano, serão quatro presentes, enquanto no último Natal foram seis. Com esse valor disponível, as roupas devem ser o principal presente da lista do Papai Noel em 64,1% dos casos.
O ritmo de expansão do comércio na capital mineira vem em desaceleração desde 2013. Se concretizada a projeção para as vendas de dezembro deste ano, os valores negociados serão próximos aos registrados em 2013 e 2,15% inferiores ao do ano passado. “Falar de juros, de impostos, de mão de obra, sempre falamos. Mas agora a parte econômica está colada à política. A gestão política está afetando os negócios”, afirma Falci. Ele ressalta que a virada na economia se dará somente depois de ser dada uma solução para o lado político. “Em primeiro lugar, é preciso resolver o problema político”, afirma.
A situação é ainda mais crítica ao se observar o volume de encomendas feitas pelos lojistas. Quase um terço dos entrevistados diz ter estoque maior para o Natal de 2015, apesar de as vendas projetadas serem bastante inferiores. Segundo Falci, isso se dá porque as encomendas foram feitas em período em que a crise econômica era menos aguda. A consequência “provável” é o encalhe de mercadorias e o fechamento de empresas.
Na tentativa de incentivar as vendas natalinas, a CDL-BH organiza neste ano a campanha Natal de prêmios. Os consumidores que comprarem mais de R$ 70 em uma das mais de 1 mil empresas participantes vão concorrer a prêmios, incluindo um carro zero.