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Estado de Minas

Macri diz que recessão no Brasil afeta Argentina e vice-versa

O presidente da Argentina também afirma que algo precisa ser feito para resolver a crise política brasileira, mas não disse abertamente que é favorável à saída da presidente


postado em 04/12/2015 17:19 / atualizado em 04/12/2015 18:05

 O presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, comentou rapidamente alguns temas econômicos durante entrevista na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Macri almoçou com o presidente da entidade, Paulo Skaf, e dezenas de empresários. Questionado sobre a crise no Brasil, ele disse que a recessão aqui afeta a Argentina, e vice-versa, já que seu país também está com o PIB em queda. "Nossas economias estão relacionadas e eu venho aqui propor que isso aumente. Ambos vão melhor quando o país vizinho está com a economia funcionando bem. O desafio agora é colocar a economia em marcha e ajudar para que a situação da região vá melhorando", afirmou.

Questionado sobre se conversou com a presidente Dilma Rousseff - com quem se reuniu mais cedo em Brasília - sobre um swap de moedas, ele disse que não entrou no assunto e que só discutiu a estratégia de interação futura no Mercosul.

Macri também foi perguntado sobre os polêmicos acordos assinados por sua antecessora, Cristina Kirchner, com a China. Ele disse que sua equipe ainda está analisando os tratados, já que eles não eram públicos. "Estamos estudando para saber exatamente em que consistem."

O presidente eleito argentino também reforçou sua promessa de campanha de eliminar os impostos de exportação sobre grãos. "Vou instaurar, em 11 de dezembro, meu primeiro dia de governo, a eliminação de impostos de exportação e eliminar todas as restrições para a indústria argentina", garantiu.

Macri disse que é preciso acelerar a integração do Mercosul com demais blocos econômicos. Ele contou que conversou com Dilma sobre o acordo com a União Europeia e que ambos acreditam que o Mercosul e os europeus precisam apresentar simultaneamente suas ofertas, para que as negociações possam começar. "Elas não podem excluir nem parcialmente o tema agrícola." O líder argentino disse que também discutiu com Dilma sobre um possível acordo do Mercosul com a Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês). "Mas primeiro precisamos avançar com o acordo Mercosul-UE, depois podemos pensar no Transpacífico".

Mercosul

Macri afirmou que o Mercosul começou como uma boa ideia, mas depois acabou ficando paralisado, já que ora os interesses do Brasil eram contrariados, ora os da Argentina. "O Mercosul precisa ser uma realidade, com metas e prazos", disse.

"O mundo está se integrando com nossos países sem que tenhamos nos fortalecido regionalmente antes. Cometemos um enorme erro com Mercosul (ao deixar o bloco paralisado). Eu disse a Dilma que estou disposto a trabalhar para desideologizar (tirar o viés ideológico) as relações, reforçando o intercâmbio", comentou. "Precisamos avançar com o convênio com a União Europeia, o acordo Transpacífico, o Transatlântico, todos os que aparecerem. Temos que, de uma vez por todas, assumir esse desafio", acrescentou.

Ele comentou que, para vencer os problemas da pobreza, da exclusão, da violência e do narcotráfico, Brasil e Argentina precisam estar mais juntos do que nunca. "Brasil e Argentina juntos são invencíveis", afirmou. Macri disse ainda que deve fazer outra visita em breve ao Brasil, com uma grande delegação de autoridades e empresários, para reforçar a união entre os dois vizinhos.


O presidente eleito da Argentina reforçou a necessidade de criar empregos e incentivar o desenvolvimento, aproveitando o momento de esperança que seu país vive agora. "Nós aprendemos ao longo dos anos, com nossos erros e acertos, e estamos maduros como nunca antes para trilhar o caminho do desenvolvimento e crescimento", disse. Macri deixou claro que para isso o setor público e o privado precisam estar juntos. "Se um dos dois não funciona, o país não cresce." Ele comentou ainda que vai seguir o exemplo do Brasil de investir na melhora da qualidade da educação.

Já Skaf disse esperar que a eleição de Macri, que toma posse no dia 10, represente o começo de uma nova fase no Mercosul. "A visão de Macri é liberal, de que não é um governo que constrói um país, é o povo. De que o governo não pode ter um tamanho que atrapalhe a vida da sociedade, com custos que desequilibrem as contas públicas e necessitem sempre mais impostos. É uma visão muito semelhante à nossa visão, de modernidade, seriedade, boa gestão e governança", disse Skaf, lembrando que os dois países podem incrementar bastante o comércio e investimentos bilaterais. Macri recebeu da Fiesp a condecoração do Mérito Industrial São Paulo.

Política

Em relação à situação de Dilma, que é alvo de um pedido de impeachment aceito nesta quarta-feira pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, Skaf afirmou que algo precisa ser feito para resolver a crise política no País, que está afetando a economia, mas não disse abertamente que é favorável à saída da presidente. O presidente da Fiesp é filiado ao PMDB, partido de Cunha e do vice-presidente da República, Michel Temer.


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