Rio, 09 - O reajuste de contas de consumo e dos combustíveis puxaram a inflação no ano, junto com a desvalorização do real em relação ao dólar, avaliou a coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos nesta quarta-feira, 9.
A taxa acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses até novembro está em 10,48%. Mais de 50% do indicador foi explicado pelos aumentos nos alimentos (27,39% da taxa), energia elétrica (14,41%) e combustíveis (9,54%).
"A taxa desse ano carrega vários reajustes de itens importantes no orçamento, as contas todas que pesam muito no bolso das famílias: energia e água e esgoto, que ficaram represadas durante muitos anos, correndo abaixo da inflação; este ano tivemos pressão forte do câmbio; e óleo diesel e gasolina, que tiveram pressão forte no IPCA", citou Eulina.
Embora o diesel não tenha impacto direto expressivo no cálculo do IPCA, o item afeta outros setores, à medida que encarece o frete, lembrou a coordenadora. "São várias as causas que levaram a inflação a chegar a dois dígitos", definiu a pesquisadora.
A energia elétrica ficou 0,98% mais cara no IPCA de novembro, enquanto os alimentos consumidos em casa subiram 2,46% e os combustíveis aumentaram 4,16%.
Monitorados
De acordo com os dados do IBGE, os aumentos menores nos preços da gasolina e do gás resultaram numa pequena desaceleração na inflação dos bens e serviços administrados na passagem de outubro para novembro. A inflação dos monitorados diminuiu de 1,39% para 1,09% no período no âmbito do IPCA.
"Vemos os monitorados desacelerando um pouquinho em relação a outubro, mas se mantendo acima da taxa do IPCA", ressaltou Eulina.
De outubro para novembro, o gás de botijão saiu de alta de 3,27% para elevação de 0,81%, enquanto o gás encanado passou de aumento de 0,46% para queda de 0,17%.
Já a gasolina aumentou 3,21% em novembro após alta de 5,05% em outubro. Houve influência do repasse para as bombas do reajuste nas refinarias, mas o preço também teve impacto da alta no litro de etanol, que aumenta por conta dos prejuízos à safra de cana, da concorrência com a produção de açúcar e do aumento nas exportações de açúcar.
"Então você tem restrição de etanol no mercado interno. Ao mesmo tempo, como o preço da gasolina tinha subido, você tem um aumento da pressão da demanda por etanol. E tem mistura de etanol na gasolina. Ou seja, tudo colaborou para que a gasolina aumentasse mais do que o reajuste concedido nas refinarias", justificou Eulina.
A gasolina contribuiu com 0,19 ponto porcentual para a inflação de outubro e 0,13 ponto porcentual para a inflação de novembro. O etanol contribuiu com mais 0,10 ponto porcentual para o IPCA de outubro e outros 0,08 ponto porcentual em novembro.
Em dezembro, a inflação terá pressões ainda do reajuste de 8,47% na taxa de água e esgoto em Fortaleza, em vigor a partir de 19 de dezembro, além da absorção de parte dos aumentos de 16% na conta de luz no Rio de Janeiro (em vigor desde 7 de novembro) e tarifa de ônibus urbano em Fortaleza (de 14,58% no dia 7 de novembro) e Campo Grande (8,33%, em 19 de novembro).
Serviços
Ainda segundo o IBGE, o recuo de 5,18% nas tarifas aéreas em novembro puxou a desaceleração na inflação de Serviços, que saiu de 0,62% em outubro para 0,46% em novembro.
"As empresas estavam com alguns voos vazios, com capacidade ociosa, então fizeram muitas promoções em novembro", explicou Eulina.
No acumulado em 12 meses, a inflação de Serviços ficou em 8,34% em novembro, abaixo da taxa do IPCA para o período, de 10,48%, mas em nível ainda resistente. "A inflação de Serviços se mantém estável na casa dos 8%", avaliou.