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Estado de Minas

País deve perder grau de investimento de todas as agências, avalia Bradesco Asset

"Esse quadro fiscal terá de ser enfrentado por quem quer que esteja no país nos próximos anos"


postado em 10/12/2015 12:31 / atualizado em 10/12/2015 13:01

Ribeirão Preto, 10 - O economista chefe da Bradesco Asset Management (Bram), Fernando Honorato Barbosa, afirmou nesta quinta-feira, em conferência de projeções para 2016, que "com alta probabilidade perderemos o grau de investimento por todas as agências de investimento". Para ele, o cenário brasileiro para o início do próximo ano dependerá "do equacionamento do déficit público", independente de quem estiver no governo.

"Se o equacionamento de forças políticas melhorar contas públicas, há espaço para melhora de ativos, mas, sem ajuste fiscal encaminhado, teremos preços bastante piores, com câmbio de R$ 4,80 a R$ 4,90", disse. "Esse quadro fiscal terá de ser enfrentado por quem quer que esteja no país nos próximos anos", completou ele sobre a crise política e a abertura do processo de impeachment que pode afastar a presidente Dilma Rousseff.



Honorato avalia que o déficit fiscal será de R$ 120 bilhões este ano e que o Brasil deve fechar com R$ 55 bilhões de déficit em 2016. "A dívida bruta (dívida local mais externa) sai de 51% do PIB em 2011 para 77% do PIB em 2017, e nem somos tão pessimistas", comentou.

Inflação

Honorato afirmou, ainda, que ninguém recomenda alta de juros em País cuja demanda doméstica cai 6%, mas que o comportamento da inflação no Brasil fará com que o Banco Central (BC) ainda reaja com novas altas na taxa básica de juros em 2016. "É pouco razoável esperar alta forte de juros, mas o BC não vai ficar sentado esperando quando vê uma inflação se deteriorando e vai subir juros entre 150 e 200 pontos no próximo ano", disse ele em conferência do banco de investimentos.

Barbosa avaliou que o pico do desemprego no País deve ocorrer no segundo trimestre de 2016, para uma taxa entre 10% e 11% por conta do ajuste das empresas, o que pressionará a inadimplência. O economista, no entanto, avalia que a balança comercial tem reagido bem à desvalorização do real, com alta este ano e que o ajuste do setor externo será a grande força da economia - ainda que não seja sozinho responsável pela recuperação do país.

"O Brasil está ficando barato em salários em dólar e a ociosidade da indústria, apesar de ser ruim no curto prazo, será positiva no futuro porque o setor terá capacidade de reagir", completou.

Entre os indicadores, a Bram projetou queda de 3% no Produto Interno Bruto (PIB), com cenário de recuperação no segundo semestre de 2016. O câmbio deve encerrar o próximo ano em R$ 4,40, "com o viés de ser mais baixo", a taxa básica de juros ficará em 16,25% e o IPCA em 7% ao final de 2016.

Indagado se o processo de impeachment ainda poderia influenciar a economia em 2016, Barbosa repetiu "que quem sair do processo (de impeachment), sairá fortalecido" e emendou: "quanto antes o tema for resolvido, melhor".


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