São Paulo, 11 - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Armando Monteiro, demonstrou otimismo com as expectativas futuras da indústria brasileira em um ambiente de dólar mais valorizado em relação ao real. Na visão de Monteiro, o câmbio é uma questão fundamental para a economia do País, embora ele, por si só, não seja suficiente para garantir a competitividade da indústria no médio e longo prazos.
"Com o realinhamento cambial que ocorreu, abre-se, para a indústria brasileira, uma perspectiva nova. Atribuo ao câmbio grande parte das dificuldades que a indústria de transformação experimentou ao longo dos últimos anos", afirmou Monteiro, que participou da cerimônia de abertura do Encontro Anual da Indústria Química (Enaiq), em São Paulo.
Monteiro destacou que o Brasil vive um momento desafiador, sustentado por uma conjugação de dificuldades econômicas e políticas. Mas, ao mesmo tempo, o País se configura por, ao longo do tempo, demonstrar "capacidade extraordinária de superar dificuldades episódicas".
Entre as dificuldades citadas por Monteiro está o custo de produção. Em evento promovido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Monteiro também ouviu mais cedo sobre a retração da demanda no mercado doméstico.
Para fazer frente a essa situação, o ministro defendeu iniciativas de curto prazo, caso dos investimentos em infraestrutura e, mais adiante, medidas estruturais, como a desoneração de insumos e de investimentos. "Precisamos tornar nossa infraestrutura mais eficiente, construir um sistema tributário de classe mundial, melhorias no sistema regulatório e um novo padrão de financiamento na economia brasileira", disse Monteiro.
O ministro defendeu a criação de um novo regime fiscal e a promoção de reformas que estão na agenda do País. É o caso, segundo ele, da quebra da rigidez do orçamento público, "que torna a gestão fiscal impossível", e da revisão de mecanismos de indexação, os quais contribuem para a infração elevada. "É uma agenda muito desafiadora nos próximos anos", disse. "Estamos experimentando as dores de um processo de ajuste, e não temos ainda, claramente, a visão dos benefícios desse processo. Mas não tenho dúvidas de que o Brasil precisa completar esse processo de ajuste no prazo mais curto possível", salientou.