Projeção da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), divulgada hoje no Rio de Janeiro, indica que a balança comercial do país terá, em 2016, “'superávit' negativo”, de acordo com a entidade, de US$ 29,228 bilhões, resultado da diferença entre exportações de US$ 187,443 bilhões e importações de US$ 158,215 bilhões.
Os dados significam queda de 1% em relação às exportações estimadas para 2015, da ordem de US$ 189,367 bilhões, e de 9,5% em relação às importações de US$ 173,662 bilhões, previstas para este ano. Em relação ao superávit, a projeção significa quase o dobro do que será gerado este ano. O superávit é considerado negativo pelo presidente da AEB, José Augusto de Castro, porque é obtido “não por aumento de exportações, mas por queda de importações”.
O cenário econômico de incertezas acelera o ritmo de queda das importações. Já nas exportações, está diminuindo esse ritmo de queda. “É uma queda que está ficando civilizada agora”, comenta Castro. A AEB prevê uma queda nas commodities (produtos minerais e agrícolas comercializados no mercado internacional) de 5,5% no próximo ano, enquanto para os manufaturados, devido à taxa de câmbio, é projetada expansão de 5%. “Começa a se reduzir o ritmo de queda percentual e começa a aparecer o resultado da taxa de câmbio sobre os manufaturados”.
Já as importações continuam caindo livremente, em função de fatores internos diversos, como falta de demanda, desemprego e inadimplência, citou Castro. Enquanto isso, a indústria nacional vai perdendo competitividade no mercado exterior, diz ele: “A chance que ela tem agora, com a taxa de câmbio elevada, seria tornar-se mais competitiva, mas não dá porque nós temos fatores internos que têm de ser resolvidos. O câmbio ajuda, mas, sozinho, não resolve”.
O presidente da AEB afirmou que, enquanto não se fizerem as reformas estruturais nas áreas tributária, previdenciária, trabalhista e, principalmente, enquanto não se investir maciçamente em infraestrutura, o Brasil vai continuar tendo que exportar tributos ou custos elevados. “E a gente não consegue exportar isso”, segundo ele. José Augusto de Castro considera que o rebaixamento do Brasil pela Agência Fitch pode ser visto por alguns como um ponto favorável à elevação do câmbio e, em consequência, ao aumento de exportações. Castro destaca, entretanto, que essa “é uma ajuda negativa, porque quando o câmbio sobe, ele tem impacto na inflação, na dívida do governo”.
Ele reitera que o câmbio não é solução, “é um paliativo em um dado momento”. Cada vez que o dólar sobe, “teoricamente ajuda a exportação, cria uma barreira contra a importação, mas aumenta a dívida brasileira”. Castro diz que a Petrobras, por exemplo, “fica mais do que asfixiada”. Por isso, o Brasil não pode contar com taxa de câmbio.
Com as projeções feitas para 2016, a expectativa da AEB é que o total das transações do Brasil com o exterior chegue ao menor valor em cinco anos, atingindo US$ 345,658 bilhões, com queda de 4,8% sobre os estimados US$ 363,029 bilhões em 2015.