“Pus o pé no freio este ano. Geralmente, gastava todo o meu 13º com presentes, mas preferi guardar uma parte dele, porque fico com medo de como vai ser em 2016 com essa crise”, afirma a gerente administrativa Fabiana Ruggio Campos, de 36 anos, que foi ao Shopping Del Rey, no Bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte, com a mãe. “Só compramos presentes para o filho, pai e mãe. A tia este ano não vai ganhar presente”, comenta.
Somente a pequena Mariana, de 8 anos, teve o presente de Natal garantido este ano na casa do coordenador financeiro Dirlei Venício, de 44 anos, e a auxiliar administrativa Adriana Ferreira, de 40. Ontem, eles foram ao Minas Shopping, no Bairro União, Região Nordeste da capital, para comprar o agrado da filha. “O país está em recessão, então ficamos com medo de gastar”, afirma Dirlei, citando ainda a troca de ministro da Fazenda – na sexta-feira, foi anunciada a substituição do ministro Joaquim Levy por Nelson Barbosa, que estava na pasta de Planejamento.
A pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), divulgada na semana passada, já apontava essa retração. Segundo o levantamento, 67% dos consumidores afirmaram que o gasto com presentes em 2015 será menor em relação ao ano passado. A pesquisa apontou que cada belo-horizontino deve comprar, em média, quatro presentes de, em média, R$ 89,53 cada. No ano passado, o tíquete médio foi de R$ 91,90.
Com a inflação nas alturas, a secretária Daniella Fernandes, de 39, viu o dinheiro encolher nesse ano. “Só deu para comprar roupas para as crianças e já gastei R$400”, conta Daniella, estranhando o movimento do shopping. “Está bem mais vazio. Ano passado, não tinha jeito nem de andar no corredor direito”, observa. A servidora pública Selma Cândida Peres, de 58, reparou que as pessoas estavam mais passeando no shopping. “Comprei só dois presentes. Com essas incertezas da economia, ficamos sem noção do que vai acontecer”, afirma. Apesar disso, o shopping aposta num aumento das vendas de 10%, em relação ao ano passado.
Este ano, as promoções começaram mais cedo, em pleno Natal. As vitrines das lojas guardam surpresas agradáveis ao consumidor, que pode se surpreender com promoções de mais de 60% e condições privilegiadas de pagamento, em 10 parcelas. O empresário Marcos Vinícius de Oliveira, sócio da loja de vestuário masculino Rúbio Muradas, começou a oferta já em novembro. Três camisas saem pelo preço de uma. “Não vamos esperar para levar o 'coice'. Não queremos começar 2016 com estoque”, afirma Oliveira, animado com as vendas. Segundo a pesquisa da CDL, as promoções e o preço pesam 55,5% na decisão de compra.