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Estado de Minas

IPC-S deve fechar janeiro em 1,8% e terminar 2016 em 7,3%, prevê FGV


postado em 04/01/2016 12:47

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) deve fechar janeiro com inflação de 1,80%, o que, se confirmada, será a maior para um mês de janeiro desde 2003 (2,2%), disse nesta segunda-feira, 4, o coordenador do indicador, o economista Paulo Picchetti, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para o fim de 2016, a previsão é que o IPC-S saia de 10,53%, em 2015, para 7,3%.

A despeito da desaceleração esperada para o ano, Picchetti pondera que o número é preocupante. Segundo ele, a depreciação cambial e o próprio comportamento dos alimentos são riscos para a inflação em 2016, ao passo que os preços administrados - que não devem contar com aumentos significativos em energia este ano - e o grupo serviços podem trazer alívio.


"Tem ainda a inércia inflacionária de 2015 para 2016. O núcleo do IPC-S, de 8,44% (ante 6,18%), reforça bem esse quadro de que a inflação não ficou restrita somente aos administrados. Quando saírem esses efeitos, vai desacelerar para a faixa de 7,3%. Em termos relativos e absolutos ainda é muito elevada. Apesar da previsão de desaceleração em serviços, está longe para reverter essa tendência", avaliou.

De acordo com a FGV o indicador de difusão - que mede o quanto a alta de preços está espalhada - alcançou a marca de 77,35% no IPC-S de dezembro, sendo a maior variação desde janeiro de 2003 (78,86%). Já o IPC-S ficou em 0,88%, ante 1,21% em novembro.

Inflação concentrada

A inflação de 10,53% do IPC-S de 2015 - a maior desde 2003 (10 56%) - ficou concentrada em alimentos, combustíveis e energia elétrica, afirmou Picchetti. Com o aumento em tarifa de eletricidade, que chegou 49,4% no IPC-S de 2015, o grupo Habitação terminou o ano em 13,28%, tendo o maior impacto no índice, de 3,38 ponto porcentual. "Justamente por causa de energia elétrica, cuja extensão do reajuste foi além do esperado. Só o item energia teve impacto de 1,71 ponto no IPC-S" disse, completando que, ao excluir tal efeito, o IPC-S ficaria perto de 8,7%.

Já o conjunto de preços de alimentos (11,62%) teve a segunda maior influência no IPC-S de 2015, de 2,92 pontos, seguida de Transportes (10,99%), com 1,83 ponto porcentual.

A expectativa de Picchetti é que os grupos Habitação, Transportes e Alimentação continuem pressionando a inflação no decorrer deste ano. Segundo ele, as primeiras pesquisas da FGV já apontam alta de preços de energia, combustíveis e alimentos.

"Alguns produtos alimentícios ajudaram no fim de dezembro ante novembro (de 2,33% para 1,75%), mas a má notícia é que já há novas pressões, que estão se intensificando. É o clima atípico, com chuva demais em algumas regiões e de menos em outras. Cebola hortaliças, tomate e frutas estão avançando, enquanto carne bovina desacelerando. O saldo líquido é de um aumento grande", adiantou.

Segundo o economista, os primeiros levantamentos também mostram altas nos preços de combustíveis e de energia elétrica, este último item reagindo a aumentos contratuais. Quanto ao segundo, Picchetti lembrou do período desfavorável atual de entressafra da cana-de-açúcar. "Tanto etanol quanto gasolina tiveram contribuições negativas no IPC-S de dezembro, mas os preços já estão acelerando", disse.

Além da pressão de combustíveis, o IPC-S deve ficar elevado no primeiro mês de 2016 em reação aos reajustes nas tarifas de transportes público em São Paulo e no Rio de Janeiro. Como a capital paulista tem peso maior no IPC-S, a influência tende a ser maior no índice. Picchetti estima que os aumentos em ônibus, metrô e trem em São Paulo terão impacto de 0,09 ponto porcentual sendo que, no total, quando somado ao efeito esperado com a alta no Rio, a influência deve ficar na faixa de 0,10 ponto porcentual.

Uma outra influência para o dado mensal, disse Picchetti, deve advir do grupo Educação, Leitura e Recreação, em parte por causa dos aumentos em passagem aérea, devido à maior demanda, e devido ao reajuste em material e matriculas escolares. "Os aumentos em cursos regulares devem pegar parte da inércia de 2015, de cerca de 10%", estimou.


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