A moeda norte-americana encerrou 2015 cotada a R$ 3,948. com valorização de 48,49% ao longo do ano. No pregão de ontem o real voltou a perder valor sob efeito da China. Ao longo do dia, um dólar chegou a valer R$ 4,069, fechando o dia a R$ 4,03, alta de 2,18%. O câmbio turismo encerrou o dia a R$ 4,26. O Ibovespa fechou aos 42.141 pontos, recuo de 2,79%. É a menor pontuação desde abril de 2009. Das 61 ações negociadas no índice, apenas cinco fecharam no azul. As maiores quedas foram das ações BB Seguridade ON (-6,41%), Ecorodovias ON (-6,29%) e Energias BR ON (-6,15%). Entre as altas, as ações ON e PN da Petrobras (1,17% e 2,54%, respectivamente).
As bolsas chinesas de Xangai e Shenzhen interromperam os negócios antes do horário normal depois que o índice CSI 300, que reúne as 300 ações mais líquidas, ter recuado acima de 7%. O fechamento do mercado logo no primeiro dia do ano inaugurou o sistema que abrevia o pregão em caso de quedas acentuadas. Mais de 1,2 mil ações das bolsas ultrapassaram o limite diário de desvalorização de 10%. O viés negativo foi motivado por pesquisas mostrarem que o índice do setor industrial chinês recuou em dezembro. A pesquisa da Caixin Media e da Markit indicou que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial da China recuou para 48,2 em dezembro, de 48,6 em novembro.Trata-se do décimo mês seguido de leitura abaixo da marca que indica contração da atividade. O setor industrial chinês luta contra a fraca demanda no país, indicando que a segunda maior economia do mundo vai iniciar 2016 mais fraca do que o esperado.
Além da queda das ações, o Banco do Povo da China, equivalente ao Banco Central do Brasil, estabeleceu novo patamar de cotação do yuan. A nova taxa de paridade foi para 6,503 por dólar. É o menor nível de cotação desde 2011. No último dia do ano passado, o yuan era cotado a 6,493, ontem fechou a 6,519 por dólar. O recuo das bolsas chinesas varreu o globo. As bolsas europeias terminaram com perdas de -1,54% (Portugal, a menor) a -4,28% (DAX, a maior). A Bolsa de Tóquio encerrou o pregão com queda de 3,06%. Em Madri, o Ibex35 fechou em queda de 2,42%. A Bolsa de Frankfurt fechou ontem em queda de 4,28%.Nos EUA, as bolsas trabalharam em queda superior a 2% praticamente o dia todo. O petróleo, que pela manhã subia por causa do conflito entre Arábia Saudita e Irã, passou a cair à tarde com o aumento dos estoques no centro de distribuição em Cushing.
Efeito no Brasil Com forte participação da China nas exportações brasileiras, o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Guilherme Leão considera que qualquer sinalização de desaceleração maior do gigante asiático impacta na economia brasileira. No caso da soja, por exemplo, 46,8% tem como destino a China. Além do efeito de ontem atrelado ao fechamento antecipado das bolsas chinesas, a expectativa é de forte volatilidade no mercado financeiro brasileiro no primeiro semestre. “A [Bovespa] opera baseada em expectativa. Enquanto não tiver clareza no quadro político e conflitos na política macroeconômica do governo, o mercado financeiro vai continuar sofrendo fortes oscilações, o que derruba as expectativas para o país”, diz Leão.
Perda de valor No ano passado, as bolsas de valores da América Latina tiveram queda de 31,5% no valor de mercado em relação ao ano anterior. No período, a soma das empresas de capital aberto passou de US$ 1,869 trilhão para US$ 1,28 trilhão, segundo pesquisa feita pela Economatica. A mais afetada foi a bolsa colombiana, com recuo de 42,5%. No Brasil, a queda foi de 41,9%. O corte no valor de mercado foi de US$ 333,7 milhões, tendo passado de US$ 797,5 milhões em 2014 para US$ 463,7 milhões em 2015. Ao todo, 15 companhias fecharam capital nos últimos 12 meses no país. (Com agências)