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Estado de Minas

Baixa renda deve ser a mais penalizada por inflação em 2016


postado em 06/01/2016 15:31 / atualizado em 06/01/2016 16:10

Após passarem o ano de 2015 com o bolso muito mais apertado devido à inflação, as famílias de baixa renda devem ser novamente as mais penalizadas pela alta de preços em 2016, avalia o economista André Braz, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV). "As fontes de pressão, apesar de menores que em 2015, continuam sendo preços administrados e alimentação, que consomem grande parte do orçamento dessas famílias", diz.

No ano passado, a inflação subiu 11,52% para a baixa renda, a maior taxa da série (iniciada em 2004) e mais que os 10,53% enfrentados pela média dos consumidores brasileiros. A diferença se dá, segundo Braz, porque itens de maior peso no orçamento da baixa renda foram os que ficaram mais caros em 2015, como energia elétrica, tarifas de ônibus e alimentos.

Segundo a FGV, a energia elétrica subiu 46,76% no ano passado, e o item consome 5% da renda da família menos abastada (contra 3,8% na média). O ônibus urbano, por sua vez, avançou 14,6%. Essa despesa responde por 7% dos gastos dos consumidores mais pobres, mais que o dobro da média (3%). Na alimentação, a diferença da fatia também é grande: 32% contra 25%. E os alimentos ficaram 13,00% mais caros em 2015.

"Qualquer aumento nos alimentos acaba pesando mais no bolso da baixa renda", afirma Braz. "Neste ano, temos boa previsão de chuvas, mas depende da quantidade. Também não pode chover demais, pois vira um problema", acrescenta.

Se a alimentação pode dar certo alívio, não é o que se vê dos administrados, que voltam a pressionar inflação logo no início do ano, lembra o economista. Pelo menos quatro cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte) já anunciaram ou colocaram em prática reajustes em tarifas de ônibus urbano, uma despesa que atinge em cheio o bolso das famílias de baixa renda.

O problema de se ter uma inflação de baixa renda mais pressionada do que a média é o impacto social. "Você tem desemprego e o aumento de custo de vida que atingem justamente as pessoas que estão menos protegidas", diz Braz.


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