Enquanto quase 2 milhões de pessoas devem passar o carnaval em Belo Horizonte, consagrando a cidade mais uma vez entre as mais animadas para a folia no país, um outro público está de malas prontas para sair da capital. Os que vão deixar BH em plena festa foram atraídos por promoções aéreas, pacotes com os mesmos preços cobrados em 2015 ou com valores reajustados abaixo da inflação de 10,67% e hotéis com descontos. E, mesmo que ainda faltem duas semanas para o feriado mais esperado pelos brasileiros, as agências de viagens informam que as vendas estão aquecidas e restam poucas oportunidades disponíveis para a época. As praias do Nordeste se mantêm na condição de vedetes. E ir para Porto Seguro, por exemplo, está custando o mesmo valor do ano passado. E também é possível aproveitar para conhecer outros países, fugindo do dólar.
A situação econômica do Brasil e a alta da moeda norte-americana foram, em 2015, dois fatores que prejudicaram as vendas de pacotes de viagens nas agências da capital. Muitas registraram queda acima de 80% na procura pelos destinos internacionais.
“O que está acontecendo é que as empresas adotaram uma estratégia de como começar um ano de crise, então, os preços das viagens praticamente são os mesmos do ano passado, não houve reajuste”, comenta Barbosa. Os destinos mais procurados na São José, de acordo com Andrey, são Cabo Frio (RJ), Porto Seguro (BA), e Caldas Novas, em Minas. No ano passado, sete dias em Porto Seguro, durante o carnaval, custava na São José R$ 1.164. Este ano, o valor é o mesmo.
A Master Turismo também tem oferecido seus pacotes sem reajustes em relação ao ano passado e, conforme destaca a gerente comercial e de marketing da empresa, Alexandra Peconick, a procura tem sido a mesma de 2015. “O que mudou foi o comportamento. Antes as pessoas compravam com antecedência de, em média, quatro meses, atualmente, talvez por medo da situação econômica do país, receio de desemprego e incertezas políticas, elas estão fechando conosco mais tardiamente, em média, com dois meses de antecedência”, compara. Alexandra diz que há hotéis que mantiveram seus preços ou outros fizeram promoções. “De uma maneira geral, não houve aumentos nem reduções muito agressivas”, define.
Na visão da gerente da Primus Turismo, Rosana Queiroz, este ano o carnaval ficou muito próximo às férias de janeiro e muitas pessoas “emendaram” o descanso com a folia. “Por isso, não sentimos que houve um aumento na procura por pacotes nesse período, mas observamos que a alta temporada foi prolongada para depois do carnaval.” Rosana destaca que, como as viagens internas estão mais visadas, as passagens aéreas subiram, ao menos, 25%. “Na hotelaria não houve aumento. Mas para as viagens internacionais tem havido promoções com valores até 50% mais em conta”, avisa.
Estratégia A festa do Momo é a segunda data do ano mais demanda no setor de turismo e, por isso, para o segmento é a hora de recuperar o que foi perdido. Assim, as estratégias do ramo para não ser pego pela crise são muitas. Pacotes promocionais oferecidos a preços 10%, em média, inferiores aos desta época no ano passado, e uma equipe treinada para satisfazer o desejo dos clientes de adequar a viagem ao bolso apertado têm garantido as vendas, segundo Saulo Corte, supervisor de equipe do grupo Acta Turismo, de BH. Além da estratégia das operadoras de negociar com antecedência e ocupações em conjunto em hotéis e assentos nas empresas aéreas, a redução dos preços das passagens de avião no ano passado ajudou a baratear os roteiros.
Turbulência
De acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as atividades turísticas no país encerraram novembro de 2015 com redução de 1,9% na comparação com o mesmo período de 2014. No ano, a queda foi de 2,2%, o mesmo percentual no acumulado dos últimos 12 meses. Minas Gerais não apresentou variação ante novembro de 2014. Porém, no resultado acumulado do ano e na taxa acumulada dos últimos 12 meses, as quedas foram de 4% e 3,6%, respectivamente.