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Estado de Minas

Câmbio favorável estimula indústria brasileira a exportar mais


postado em 18/01/2016 10:01 / atualizado em 18/01/2016 10:26

São Paulo - A mudança de patamar do câmbio abre nova perspectiva para o comércio exterior do País. A melhora da balança comercial pode significar um respiro para a economia brasileira diante do enfraquecimento do mercado interno. Os resultados mais positivos do comércio exterior já ficaram evidentes no ano passado.

O superávit de US$ 19,681 bilhões foi o melhor desde 2011 e ficou acima do esperado, embora o número tenha sido impulsionado pela forte queda nas importações. "Esse ajuste externo em curso é um ajuste clássico como sempre ocorre em períodos de crise", afirma Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria Integrada. "O ajuste cambial já viria de qualquer maneira e está sendo acentuado por causa de toda a piora de fundamentos da economia brasileira."

Ainda que tímidos, os efeitos da valorização do dólar ante o real já começam a se materializar em novas estratégias para as empresas, sobretudo do setor industrial. Com o novo patamar do câmbio, as empresas exportadoras esperam reconquistar e ampliar mercado externo. "O câmbio pode ser uma válvula de escape no curto prazo", afirma Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. "O Brasil já teve essa válvula de escape mais forte no período em que tinha uma penetração em mercado externo maior."

Movimentação

A Cedro Têxtil está reestruturando seu setor de exportação com a contratação de representantes em países no qual estava ausente nos últimos anos para ampliar sua atuação. Atualmente, a presença da companhia está concentrada na América Latina e chega a 12 países. "No passado, a exportação chegou a representar 15% (do volume produzido). Nos últimos anos, com a valorização do real, reduziu para 2%. A expectativa é pelo menos dobrar a participação em volume", diz Luiz César Guimarães, diretor comercial da Cedro. A empresa produz denims, brins e telas em quatro fábricas em Minas Gerais.

Em todo o setor, as pesquisas da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) já apuram uma predisposição dos empresários brasileiros em exportar. Em agosto de 2014, 27% das empresas que não exportavam tinham intenção de vender os produtos no exterior. Em outubro do ano passado, esse índice ultrapassou os 80%. "A mudança de patamar do câmbio já mostrou para as empresas que a exportação é a saída", afirma Rafael Cervone, presidente da Abit.

A indústria automobilística também já sentiu a melhora nas vendas externas. Depois de uma queda de 40% em 2014, o setor conseguiu encerrar o ano passado com alta de 24,8% nas exportações, que totalizaram 417 mil veículos. Para este ano, a previsão é de novo crescimento de 8%. "O dólar é vital e trouxe de volta parte da competitividade que perdemos nos últimos anos", afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan.

Segundo ele, novos acordos comerciais, por exemplo com Uruguai, e a renovação de acordos já em vigor com Argentina e México também ajudaram a impulsionar as vendas externas. Só para o mercado mexicano as exportações cresceram 75% no ano passado em relação ao anterior.

A Volkswagen, maior exportadora de carros do Brasil, registrou crescimento de 35% nas vendas ao exterior em 2015 em relação ao ano anterior, com 124.959 unidades, ou um terço de todo o volume exportado. Entre os 16 países que importaram produtos da marca, o principal mercado foi a Argentina, que recebeu 68,8 mil veículos. Com 54,8 mil unidades, o Gol foi o modelo mais vendido lá fora.

Importação

A desvalorização do real também tem levado ao aumento da nacionalização das matérias-primas e insumos que abastecem a cadeia da indústria. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a participação de insumos importados recuou para 23,5% no terceiro trimestre do ano passado, nível mais baixo desde os três primeiros meses de 2014. "Esse processo está ocorrendo, mas as estatísticas mostram que ainda é bastante devagar", afirma Flávio Castelo Branco, gerente executivo de política econômica da CNI.


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