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Estado de Minas

Economistas condenam manutenção da taxa de juros Selic em 14,25% ao ano


postado em 21/01/2016 00:12 / atualizado em 21/01/2016 07:35

Brasília – Pilar dos fundamentos macroeconômicos, a política monetária implementada a partir de decisões autônomas do Banco Central (BC) ruiu ontem, com a manutenção da taxa de juros Selic em 14,25% ao ano. Apesar dos indicativos da ata da reunião anterior do Comitê de Política Monetária (Copom), do relatório trimestral de inflação e da carta aberta ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, que sinalizavam a manutenção do ritmo de aperto, provalmente com uma alta de 0,50 ponto percentual na Selic, o BC sucumbiu à decisão do Palácio do Planalto, de segurar os juros para não aprofundar a recessão. Ao se dobrar, a autoridade monetária frustrou o mercado financeiro e pode ter posto a perder sua já frágil credibilidade.


Ex-diretor do Banco Central, o economista Carlos Eduardo de Freitas, presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), destacou que a nota divulgada pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, na véspera, enquanto o Copom ainda estava reunido, numa atitude que contraria a liturgia do cargo, antecipou que a Selic seria mantida em 14,25% ao ano. “A política monetária perdeu sua funcionalidade. No tripé macroeconômico, a política fiscal fraturada contaminou a monetária. O câmbio fez um ajuste que pressiona a inflação. A impressão que eu tenho é que ficou disfuncional”, analisou.


Para Freitas, os dados do Fundo Monetário Internacional, de que o Produto Interno Bruto do país pode afundar 3,5% este ano e 3,8% em 2017, que motivaram o comentário fora de hora do presidente do BC, foram apenas uma justificativa para mascarar a falta de independência. “Na verdade, a informação do FMI veio a calhar. A meu ver, foi a reunião com a presidente Dilma Rousseff que determinou a postura do BC”, disse.


Na opinião de José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, aumentar a taxa de juros não ajudaria em nada a inflação, mas manteria viva a já arranhada credibilidade do BC. “Eu esperava alta de 0,50 ponto até a nota do BC. Mudei para zero depois daquilo. O fato é que só um ajuste fiscal que combine aumento de arrecadação, corte de gastos e um redesenho da Previdência será capaz de controlar a inflação”, destacou.


Flavio Serrano, economista sênior do Haitong, avaliou que a comunicação do Banco Central foi falha. “A sinalização foi toda numa direção e a decisão, na oposta”, argumentou. Para ele, o BC deveria ser o guardião do poder de compra dos brasileiros e servir de anteparo às incertezas. “Mostrou o contrário. Gerou uma turbulência desnecessária. Pode ter certeza, que as estimativas do Focus (boletim com as previsões das instituições financeiras) vão andar”, projetou, referindo-se às projeções para a inflação, que devem ser majoradas.


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