(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Sorte está lançada para os pequenos investidores

Perda de mais de 34% do valor das ações da estatal aguça desejo de compra, mas analistas alertam para risco. Queda pode se aprofundar. Falta consenso sobre manter ou não os papéis


postado em 24/01/2016 06:00 / atualizado em 24/01/2016 13:12

(foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
(foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Investir ou não investir, eis a questão. Em queda abrupta desde outubro de 2014, na última semana as ações da Petrobras quebraram dia após dia o recorde negativo de mais de década. Cotados a menos de R$ 5, os papéis podem levar pequenos investidores a vislumbrar boa oportunidade de apostar na estatal do petróleo, mas especialistas alertam para o alto risco da compra neste momento. Nada garante que o atual nível das ações esteja no ponto mais baixo. Outros fatores ainda têm gás para que a desvalorização seja ainda maior, como uma possível capitalização para sanear a dívida da companhia, considerada por muitos o problema mais grave da petrolífera.

A forte queda de valor das ações da Petrobras pode fazer as mãos de muitos pequenos investidores coçarem. Contudo, analistas de mercado têm sido unânimes (ou quase isso) em dizer aos iniciantes para não adquirir papéis da companhia em meio à atual turbulência. O gerente de Research da Gradual Investimentos, Gesley Henrique, é enfático na recomendação. A única saída que ele vê para o atual nível de endividamento da companhia é uma capitalização, o que resultaria em desvalorização ainda mais acentuada dos papéis.

“Não pode ser uma capitalização pequena. Tem que trazer a dívida para um nível aceitável”, afirma Gesley Henrique. Com isso, a recomendação da corretora para os que permanecem com os papéis é de venda. “Mesmo com as perdas”, diz o especialista. “Não vejo gatilho no curto prazo”, diz. Sobre os investidores que já têm ações, o caminho é bem diferente do quase consenso relacionado aos novos investidores. “A recomendação para quem já tem é manter”, diz sucinto o analista da Rico Corretora, Roberto Indech. Apesar da crença de que é impossível saber se as ações já atingiram o mínimo – o que reforça a recomendação para não investir nos papéis da companhia –, ele afirma que, caso haja uma inversão de sentido na cotação das ações da Petrobras no curto ou médio prazo, o pequeno investidor teria assumido perdas desnecessárias.

Nesse sentido, três questões são vistas pelo analista como possíveis chaves para mudar o sentido dos rumos das ações: um aumento do valor dos desinvestimentos anunciados pela estatal; uma reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para reduzir a produção; e mudança na Presidência da República. Ele ressalta, no entanto, acreditar apenas que a segunda hipótese se concretize neste ano.

O mercado financeiro é regido por uma lei segundo a qual o momento ideal para investir é quando os papéis estiverem na “bacia das almas”, enquanto na euforia é hora de vender, afirma o analista da Clear Corretora, Raphael Figueredo. O porém, diz ele, é que ninguém nunca sabe identificar o timing correto. Ou seja, o ponto-chave é perceber se as ações já chegaram na mínima ou se podem enfrentar nova onda de desvalorização. Outra questão é saber se haverá a recuperação dos papéis e em quanto tempo isso se daria.

No caso da Petrobras, diz ele, além da influência considerável da queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, outros fatores devem ser observados. O principal é o atual patamar de endividamento da estatal brasileira. O nível da dívida limita as ações da diretoria da empresa. “O maior problema hoje é a dívida da companhia. Isso nos remete a não recomendar os papéis enquanto houver ingerência do governo e a dívida estiver alta”, afirma Figueredo. O analista da Clear Corretora ressalta que, em busca da retomada da confiança, a Petrobras tem adotado postura de corrigir os rumos de sua gestão, mas o resgate da credibilidade leva tempo.

NO CAMINHO DO PETRÓLEO
Neste ano, os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras já perderam mais de 34% de seu valor. As ações fecharam 2015 cotadas a R$ 6,70. No quarto dia consecutivo de baixa, a cotação das preferenciais PETR4 encerraram o pregão de quarta-feira cotadas a R$ 4,43. Apenas naquele dia, o recuo foi de quase 5%. Ou seja, com o valor da ação no nível mais alto da série histórica (2008), seria possível comprar 12 Petrobras PN no atual patamar. Cotadas a R$ 4,41 na sexta-feira, elas sofreram desvalorização de 2%.

A Petrobras PN foi também a ação mais negociada na bolsa na sexta-feira, com um volume de 63.312 negócios, que movimentaram R$ 461,8 milhões. Segundo a empresa de informações financeiras Economatica, a Petrobras lidera as perdas nominais entre as 57 empresas que compõem o Ibovespa, indicador dos papéis mais negociados.

Em 21 de maio de 2008, a estatal atingiu seu maior valor de mercado: R$ 510,3 bilhões. A ação ordinária da companhia (com direito a voto) chegou a R$ 62,30 (as preferenciais a R$ 52,51). Na segunda-feira, o valor era de R$ 73,7 bilhões. Ou seja, teve desvalorização de 85,5% sob influência do recuo nos preços do petróleo e dos efeitos da operação Lava-Jato, aliados a problemas gerenciais. Entre os fatores externos com impacto sobre o preço do barril do petróleo está a desaceleração da China.

A avaliação do professor da FGV/EAESP, Rafael Schiozer, ex-integrante do Centro de Estudos do Petróleo, onde prestava consultoria para a Petrobras, é de que há um “pânico exagerado” com a redução do crescimento chinês. “Não vejo um cenário tão dramático. O preço cai e é natural que alguns campos deixem de produzir. A produção vai continuar a crescer, mas num outro patamar”, afirma. Ou seja, o excesso de oferta pode não ser tão grande quanto o avaliado pelo mercado neste momento.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)