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Estado de Minas

Demissões são tormento para o comércio, setor com maior número de vagas perdidas

No comércio em BH são 230 mil empregos diretos e a estimativa é de que 10% desses trabalhadores tenham sido demitidos em 2015


postado em 25/01/2016 06:00 / atualizado em 25/01/2016 07:45

Além do dinheiro que não entra no caixa, a demissão tira o sono dos micros e pequenos empresários. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na semana passada, o comércio foi o quarto setor que mais demitiu em 2015, perdendo 218 mil vagas no período. A indústria de transformação foi o setor que mais demitiu trabalhadores com carteira assinada, com 608 mil demissões, seguida pela construção civil (-416 mil vagas). Em terceiro lugar aparecem os serviços, com 276 mil demissões em 2015.



Segundo o Sindlojas, no comércio em BH são 230 mil empregos diretos e a estimativa é de que 10% desses trabalhadores tenham sido demitidos em 2015. E de acordo com dados do Sindicato dos Empregados no Comércio de Belo Horizonte e Região Metropolitana (SEC), em 2015, foram 29.234 demissões. O número se refere a trabalhadores com mais de um ano empregado. “Muitas pessoas estão sendo demitidas com menos de um ano no trabalho, isso tem sido comum. Porém, nossos dados não contemplam isso”, comenta Oswaldo Gonçalves, diretor do sindicato.

Para Gonçalves, diante do cenário, não há outro resultado a não ser a preocupação. “As pessoas não estão tendo como gastar, há a inflação, o salário mínimo aumentou. É uma pressão muito grande”, afirma. “Tenho 10 anos de mercado e pago para trabalhar, e não há o que fazer. O banco não libera crédito, e, se antes vendia 90 carros por mês, hoje não chega a 15. Ninguém entra para comprar” comenta o dono da Mixcar, Éder Eustáquio, acrescentando que a preocupação é também com o quadro de funcionários. “Tenho vendedores que têm famílias e dependem das vendas”, lamenta. Segundo Gonçalves, cerca de 90% dos trabalhadores do comércio dependem de comissões.

Sem perder a esperança

Demorou seis meses para a crise bater na porta do comerciante Henrique Nonato, dono da Via Ricco, loja de calçados. Há 50 anos no mercado, ele diz que, em agosto do ano passado, ele sentiu a retração na economia. “Depois disso, as vendas começaram a cair todo mês. E tivemos um dezembro muito fraco, com queda de 30%. Foi um mês histórico”, comenta, acrescentando que neste janeiro as vendas se mantêm em baixa. “É preciso ter fé de que vai melhorar”, aposta.

Quando Rosilene Abad abriu a Ateliê, na Savassi, em 2014, chegou cheia de expectativas e não esperava quedas nas vendas. Começou, em outubro daquele ano, com duas funcionárias. Mas, com o ano de 2015 ficou só com uma e tem visto os vizinhos fecharem as portas. “A crise não é algo da Savassi, é geral. A minha loja é uma franquia, e a situação é a mesma em São Paulo, Espírito Santo e Bahia”, compara, dizendo que, por mais que o cenário não seja favorável e que ela volte para casa chateada, há sempre um outro dia e ela mantém o bom humor, investindo no bom atendimento. “Não adianta ficar reclamando com a clientela. Tenho esperanças que 2016 vai melhorar”, diz. Na avaliação da economista da CDL Ana Paula Bastos, um plano econômico de confiança a longo prazo do governo federal poderia reaver os ânimos no comércio. (LE)


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