(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas VALOR SALGADO

Preço do tira-gosto sobe 36,32% em Belo Horizonte em um ano

Petiscos tiveram alta três vezes maior que a inflação, que ficou em 10,67%


postado em 26/01/2016 06:00 / atualizado em 26/01/2016 07:47

Em tempo de crise econômica e alta de preços, principalmente no setor de alimentação, os petiscos já estão pesando no bolso dos belo-horizontinos frequentadores de bares. É o que mostra pesquisa feita em 50 estabelecimentos conhecidos da cidade pelo site Mercado Mineiro, na qual também foi constatada uma grande variação de preço. Entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2016, o tira-gosto teve uma alta de até 36,32%, mais de três vezes a inflação, que ficou em 10,67%. Já as cervejas, segundo o mesmo levantamento, estão custando até 4,05% a mais. O consumidor deve ficar atento pois a variação dos preços chegou a mais de 300% entre os botecos.


Segundo o Mercado Mineiro, o preço médio da porção de picanha passou de R$ 48,49 para R$ 66,10, um acréscimo de 36,32%. Já a carne de sol aumentou 30,92%, passando de um custo médio de R$ 33,41 para 37,41 em 2016. Já as cervejas tiveram acréscimos menores que a inflação. A Brama Extra passou de R$ 8,17 para R$ 8,45, um adicional de 3,43%. A Heineken passou de uma média de R$ 8,14 para 8,47, subindo 4,05%, e a Serramalte de R$ 8,23 para R$8,50, um adicional de 3,28%. O chope passou de um preço médio de R$ 5,67 em 2015 para R$ 6,08 em 2016, uma variação de 7,23%.


A diferença dos preços dos petiscos também foi maior do que o custo das bebidas na maioria dos casos. Segundo o levantamento, o preço do contrafilé na chapa foi de R$ 18 a R$ 78,9 (diferença de 338,33%). A porção de mandioca frita foi encontrada por R$ 9,90 a R$ 22,90, uma variação de 130,30%. A picanha variou 202,80%, sendo vendida de R$ 42,90 a R$ 129. No campo das bebidas, o preço da Skol variou 100%, de R$ 4,50 a R$ 9. Original, Serramalte, Bohemia, Brahma Extra e Heineken são comercializadas por preço entre R$ 6 e R$ 9,80, variando 63,33%.


Segundo o conselheiro da Associação Brasileiras de Bares e Restaurantes (Abrasel) e presidente do grupo Meet, Fernando Junior, os preços subiram mas o lucro dos comerciantes não. “O empresário já vinha segurando todos os aumentos, sofreu com acréscimo na energia e tributação para que não fosse repassado ao cliente, mas em janeiro o movimento diminui e é uma questão de sobrevivência. Não vejo os donos de estabelecimentos ficarem ricos com esse aumento, é muito pelo contrário”, afirmou. Segundo ele, a proliferação dos espetinhos e food trucks em BH também prejudicou os donos de bares, criando um círculo vicioso em que os bares são obrigados a aumentar o preço por ter baixa demanda e acabam vendo o público sumir ainda mais.


O consultor diz que o movimento está mais baixo do que em outros janeiros, já que o lazer é considerado supérfluo e, por isso, na crise é possível abrir mão dele. “A população está ficando mais triste, o relacionamento está diminuindo, mas é uma coisa que as pessoas vivem sem. Ou então elas bebem dentro de casa, que é mais barato,”

Cardápio popular
para agradar cliente

O peso dos custos está levando alguns comerciantes a variar o cardápio ou tentar acordos com fornecedores de bebidas para segurar os preços na tentativa de não afastar o consumidor. O dono do Barbazul, José Márcio Ferreira, o Marcinho, negociou com a Ambev e reduziu um real no preço das cervejas. As prêmiuns foram de R$ 9 para R$ 8 e as comuns de R$ 8 para 7 em janeiro. Já a alta das carnes fez o comerciante tirar a picanha do cardápio. “Todo ano esperamos janeiro para a carne de boi baixar, mas esse não então mexi no cardápio recentemente para criar uma segunda opção. Estou focando no peixe, frango e porco”, disse.

Com público fiel, Marcinho diz que as pessoas não deixam de beber ou comer, só diminuem ou mudam o tira-gosto. Como opções, ele criou um espetinho com fritas e tropeiro vendido a R$ 14,90 e um bolinho de carne a R$ 7. “Também botei espaguete que nunca tive no cardápio, tudo pensando em um preço menor porque a carne está ficando inviável”, disse.

No Bar da Lora, no Mercado Central, o valor do tradicional fígado com jiló passou de R$ 20 para R$ 24,90(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
No Bar da Lora, no Mercado Central, o valor do tradicional fígado com jiló passou de R$ 20 para R$ 24,90 (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)


A gerente do Bar da Lora, Karina Fonseca, que vende cerveja a R$ 6 e R$ 6,50, disse que o estabelecimento, que fica dentro do Mercado Central, também fez acordo com a Ambev para segurar o preço da bebida. “O movimento diminuiu desde outubro do ano passado por causa da crise. Muitas firmas mandaram pessoas embora, então é melhor ter uma margem menor na cerveja porque a porção é que dá lucro”, afirmou. De acordo com Karina, o carro-chefe do boteco, o famoso fígado com jiló, passou de R$ 20 para R$ 24,90. “O preço da carne aumentou, não tem jeito”, diz.


O superintendente executivo do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral (Sindbebidas), Cristiano Lamêgo, explica que o aumento no preço da cerveja veio por dois fatores. Um deles é a alta de impostos – depois de o governo federal subir impostos como IPI, PIS e Cofins em maio, o estadual aumentou o ICMS da cerveja de 18% para 23%, além de o produto ser taxado com um adicional de 2% que vai para o fundo de erradicação da pobreza. “Outra questão é que a bebida é um bem de consumo e muito suscetível à variação de renda da população. A gente observou nos últimos dois anos um decréscimo acentuado no poder de renda, então o consumidor vai fazendo trocas e muda hábitos”, afirmou. Para o carnava, segundo Lamêgo, a expectativa é a mais baixa possível.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)