Rio de Janeiro – Em meio à forte contração nos investimentos e ao ajuste nas contas públicas, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou em 2015 o menor valor nominal de desembolsos desde 2008. Foram liberados R$ 135,9 bilhões, um recuo de 28% ante o ano anterior. A queda é a maior desde 1996, primeiro ano com variações disponíveis, e seria ainda mais intensa se a inflação fosse descontada.
“É uma queda realmente expressiva, e ela se materializa mais a partir do segundo semestre. A partir de junho começamos a perceber uma aceleração desse movimento", explicou Cláudio Leal, superintendente da Área de Planejamento do BNDES.
O volume de aprovações e consultas também despencou no período, o que sinaliza novos recuos nos desembolsos do banco nos próximos anos. Em 2015, foram aprovados R$ 109,5 bilhões em financiamentos, e as consultas atingiram R$ 124,6 bilhões. Em ambos os casos, o tombo foi de 47% em termos nominais em relação ao ano anterior.
Do total de crédito concedido pelo banco, o setor de infraestrutura foi o mais beneficiado, com participação de 40,4% e R$ 54,9 bilhões em operações. Na infraestrutura, os projetos de energia elétrica foram destaque, com R$ 21,9 bilhões e 15% do total. A energia eólica recebeu R$ 6,1 bilhões, quase o dobro dos R$ 3,3 bilhões de 2014. Já a indústria respondeu por pouco menos de um terço dos recursos, com R$ 36,9 bilhões (27,1%), seguida por comércio e serviços (R$ 30,4 bilhões, ou 22,4%) e agropecuária (R$ 13,7 bi, ou 10,1%). “O ano de 2016 começa ainda carregado com as incertezas de 2015. Temos pouca visibilidade do que vai ocorrer em 2016”, reconheceu o superintendente do banco.