Empurrando a queda no rendimento, o desemprego cresceu. O contingente de pessoas em busca de um trabalho nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, aumentou 42,5% no ano passado em relação a 2014, na maior alta da série histórica. Com isso, 1,7 milhão de pessoas estão sem emprego nessas regiões. A taxa de desemprego média de janeiro a dezembro foi estimada em 6,8% em 2015 contra 4,8% em 2014. Em Belo Horizonte, o indicador que demonstra o mal-estar da economia, dobrou em 2015, atingiu 5,9% em dezembro contra 2,9% no mesmo período do ano anterior, somando 146 mil desempregados na região metropolitana.
Bruno de Carvalho, analista do IBGE, diz que a queda no rendimento médio aponta em dois sentidos, na saída de profissionais com maior rendimento do mercado de trabalho, bem como a entrada de trabalhadores com menor rendimento. Em 2015, após dez anos de ganhos anuais sucessivos, a média anual do rendimento real da população ocupada (R$ 2.265,09) registrou perda de 3,7% em relação a 2014, tendo sido, portanto, a primeira queda desde 2004.
Segundo o IBGE, em Belo Horizonte o emprego com carteira assinada no setor privado foi reduzido em 7,4% nos últimos doze meses. Os contingentes de empregados sem carteira assinada também caiu, 15,3% em Belo Horizonte. Nos demais segmentos, houve estabilidade.
Patrícia Mello, 48 anos é bibliotecária, mas diante da dificuldade de conseguir se recolocar no mercado em sua área de formação, há três meses Patrícia ampliou a busca e agora tenta uma vaga também como atendente ou secretária em consultórios médicos. “Minha renda caiu muito, mais de 50%. Enquanto tento uma vaga com carteira assinada, tenho trabalhado como autônoma fazendo bolos e salgados, mas minha intenção é conseguir um emprego.”
No Brasil, de 2014 para 2015, o rendimento encolheu em todo o mercado de trabalho, mas quem mais perdeu renda foram os trabalhadores sem carteira assinada (5,1%) e os empregadores (6,2%). A técnica em enfermagem Lilian de Paula, 32 anos, também está em busca de uma colocação. Ela diz que já chegou a receber salário de R$ 1,5 mil, mas agora reduziu suas expectativas e está disposta a aceitar o trabalho a partir de R$ 1 mil.
Os setores onde o rendimento médio mais encolheu foram construção civil, retração de 9,9%, indústria de transformação, distribuição de eletricidade e gás, -6,5%, e serviços prestados às empresas, aluguéis e atividades imobiliárias, -6,4%.