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Estado de Minas

Mercado de trabalho tem menos vagas e menos salário

Renda do trabalhador recua 3,7% em 2015, primeira queda em 10 anos no país. Número de desocupados cresce 42,5% e desemprego sobe a 6,8%. Em BH, vencimentos caíram 4,6%


postado em 29/01/2016 06:00 / atualizado em 29/01/2016 06:54

Técnico em edificações, Rômulo Álvares diz que seu rendimento caiu 30%(foto: (Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press))
Técnico em edificações, Rômulo Álvares diz que seu rendimento caiu 30% (foto: (Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press))
Ao mesmo tempo em que enfrentou em 2015 a maior alta da inflação desde 2002, 10,6%, o brasileiro viu o seu rendimento médio cair, invertendo um ciclo de 10 anos de crescimento. Em 2015, a média do rendimento real da população enfraqueceu, despencando 3,7% no país, na comparação com 2014, e 4,6% em Belo Horizonte, a maior retração entre as seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE.

 

Empurrando a queda no rendimento, o desemprego cresceu. O contingente de pessoas em busca de um trabalho nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, aumentou 42,5% no ano passado em relação a 2014, na maior alta da série histórica. Com isso, 1,7 milhão de pessoas estão sem emprego nessas regiões. A taxa de desemprego média de janeiro a dezembro foi estimada em 6,8% em 2015 contra 4,8% em 2014. Em Belo Horizonte, o indicador que demonstra o mal-estar da economia, dobrou em 2015, atingiu 5,9% em dezembro contra 2,9% no mesmo período do ano anterior, somando 146 mil desempregados na região metropolitana.


Com o custo de vida em alta e renda em queda, a população sente a retração do mercado. Rômulo Álvares Teles, 26 anos é técnico em edificações e estudante de engenharia civil. Entre 2010 e 2014 ele trabalhou em uma única empresa. No ano passado foram três. “O trabalho começa e logo os investimentos caem e a obra é paralisada.” Em busca de um novo emprego, Rômulo observa que o mercado de trabalho se deteriorou no último ano. Ele calcula que seu rendimento médio encolheu 30%. “Há uma semana estou procurando um novo trabalho. Espero recuperar a renda que perdi no último ano quando me formar e começar a atuar também como engenheiro civil”, acredita.


Bruno de Carvalho, analista do IBGE, diz que a queda no rendimento médio aponta em dois sentidos, na saída de profissionais com maior rendimento do mercado de trabalho, bem como a entrada de trabalhadores com menor rendimento. Em 2015, após dez anos de ganhos anuais sucessivos, a média anual do rendimento real da população ocupada (R$ 2.265,09) registrou perda de 3,7% em relação a 2014, tendo sido, portanto, a primeira queda desde 2004.


Segundo o IBGE, em Belo Horizonte o emprego com carteira assinada no setor privado foi reduzido em 7,4% nos últimos doze meses. Os contingentes de empregados sem carteira assinada também caiu, 15,3% em Belo Horizonte. Nos demais segmentos, houve estabilidade.


Patrícia Mello, 48 anos é bibliotecária, mas diante da dificuldade de conseguir se recolocar no mercado em sua área de formação, há três meses Patrícia ampliou a busca e agora tenta uma vaga também como atendente ou secretária em consultórios médicos. “Minha renda caiu muito, mais de 50%. Enquanto tento uma vaga com carteira assinada, tenho trabalhado como autônoma fazendo bolos e salgados, mas minha intenção é conseguir um emprego.”


No Brasil, de 2014 para 2015, o rendimento encolheu em todo o mercado de trabalho, mas quem mais perdeu renda foram os trabalhadores sem carteira assinada (5,1%) e os empregadores (6,2%). A técnica em enfermagem Lilian de Paula, 32 anos, também está em busca de uma colocação. Ela diz que já chegou a receber salário de R$ 1,5 mil, mas agora reduziu suas expectativas e está disposta a aceitar o trabalho a partir de R$ 1 mil.


Os setores onde o rendimento médio mais encolheu foram construção civil, retração de 9,9%, indústria de transformação, distribuição de eletricidade e gás, -6,5%, e serviços prestados às empresas, aluguéis e atividades imobiliárias, -6,4%.


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