Os aeronautas e aeroviários (trabalhadores que cumprem a jornada em solo) decidiram nessa quarta-feira (3) tem suspender o estado de greve nos dias do carnaval, só retomando as paralisações no próximo dia 12, informou o sindicato da categoria (SNA). Eles cruzaram os braços na manhã dessa quarta-feira (3) em 12 aeroportos de 10 grandes cidades, com balanço, segundo a Infraero, empresa pública responsável pela gestão dos aeroportos, de 381 voos atrasados e 139 cancelados até 13h, de um total de 871 programados nos terminais de Recife, Porto Alegre, São Paulo, Brasília, Salvador, Curitiba, Rio de Janeiro, Florianópolis, Campinas e Fortaleza.
Em sua mais recente proposta, as empresas aéreas ofereceram correção parcelada e não retroativa de 3% neste mês, 2% em junho e 6% em novembro. Em nota, o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), alega que, desde o começo das negociações com as representações sindicais, seis propostas foram apresentadas, mas nenhuma delas aceita. O presidente do Sindicato dos Aeroviários de Minas Gerais, Valter Aguiar, não descarta paralisações em Confins, caso a instituição consiga derrubar liminar obtida pelas empresas aéreas na Justiça, que impede o movimento.
“No início do ano, fizemos uma paralisação e as empresas conseguiram uma liminar na Justiça que dá o direito de apenas 20% do efeitivo cruzar os braços. Desta forma não queríamos expor os trabalhadores”, justificou Aguiar. O sindicalista afirmou haver indicativo de paralisação em Confins às vesperas do carnaval, se a liminar das empresas for derrubada.
Entre hoje e amanhã, audiência de conciliação deverá ser realizada no Tribunal Superior do Trabalho (TRT), em Brasília. A expectativa dos aeronautas é de que as empresas apresentem nova proposta. O presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil, filiado à CUT (Fentac), Sérgio Dias, disse que o objetivo da categoria nunca foi atrapalhar o feriado de carnaval. “Nunca tivemos intenção de prejudicar o carnaval de ninguém. No geral, estamos bastante satisfeitos porque a adesão é total nas maiores cidades”.
Em Confins, a manhão foi conturbada. Com viagem a trabalho marcada para Aracaju, Jeferson Miranda foi um dos passageiros afetados pela paralisação nos aeroportos, já que ele sairia do terminal da Grande BH às 7h54, período de pico do manifesto. O voo, porém, foi cancelado e a empresa aérea pela qual Miranda viajava remarcou a viagem para 9h46, via Recife , onde ele faria conexão por seis horas, para, então, desembarcar no destino desejado . “Tive que reagendar uma reunião, que estava marcada para 14 horas. Esse tipo de transtorno tem sido constante. O prejuízo que traz é aborrecimento e também perda de tempo” reclamou.
O comerciante Rodolfo Olidiu saiu de Recife com destino a Campinas, onde deveria chegar as 9h para uma reunião de negócios. O avião fez conexão em Confins e, por causa da paralisação, o voo foi cancelado. “Pretendia fechar um negócio para franquia em Recife e, agora, vem essa chateação. Era uma reunião importante, ainda mais em tempos de crise”, afirmou. O voo foi remarcado pela empresa aérea.
ADESÃO No Aeroporto de Congonhas (SP), aeronautas e aeroviários tomaram o terminal. O presidente do Sindicato dos Aeronautas, Adriano Castanho, afirmou que cerca de 700 trabalhadores aderiram à greve. “Todas as nossas tentativas de negociação foram frustradas porque eles (sindicatos patronais) são resistentes. Entendemos que a situação do país é dificil, mas acatar a proposta deles (escalonar o aumento) é inaceitável”. A paralisação foi encerrada às 8h05, quando os aeronautas deram as mãos e ergueram cartazes, enquanto cantavam o Hino Nacional.
No Aeroporto Internacional Juscelino Kubistchek, em Brasília, um grupo de grevistas das duas categorias ocupou uma pequena parte no setor de embarque do aeroporto com faixas e caixa de som. O ato ocorreu de forma tranquila, com a presença de policiais militares no local. Alguns vôos foram transferidos para depois do protesto, que durou das 6h as 7h30. Segundo Leonardo Souza, do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a adesão foi maciça. “Alguns aeroportos em São Paulo, por exemplo, tiveram que interromper as decolagens em função do grande número de aeronaves em solo”, afirmou. (Com agências)