Brasília – Há quatro anos como secretário-executivo na Secretaria de Aviação Civil (SAC), Guilherme Ramalho passou pela gestão de três ministros antes de sentar na principal cadeira da pasta e tornar-se interino. Não alimenta a pretensão de permanecer no cargo, mas garante que cumprirá a missão que lhe foi confiada. “Meu objetivo é dar continuidade aos projetos e deixar os passageiros satisfeitos”, diz. Numa época de crise, em que companhias aéreas já anunciam redução da malha e aumento das passagens, e as taxas aeroportuárias sofreram reajustes, não será tarefa fácil. “Estamos estudando a flexibilização de regras”, anuncia, sem descartar a ampliação da participação estrangeira nas empresas, hoje limitada a 20%. “É benéfico aumentar o acesso das companhias ao capital para que elas possam investir”, assinala.
Qual o principal projeto em 2016?
O programa de concessões do governo federal. São mais quatro aeroportos – Porto Alegre, Florianópolis, Salvador e Fortaleza. É um setor que tinha, antes, quase um monopólio público. Já fizemos seis concessões. Essa política se iniciou com o governo da presidenta Dilma Rousseff e tem elevado a quantidade e a qualidade dos aeroportos.
Já existe algum prazo para as concessões? E qual a expectativa para os leilões?
O edital deve ser publicado ainda no primeiro semestre deste ano, provavelmente entre os meses de abril e maio. Nos últimos leilões, mais de 14 consórcios participaram com propostas econômicas muito relevantes. Há muito interesse de investidores nacionais e estrangeiros para a próxima rodada.
A Infraero detém 49% dos terminais já concedidos. Qual será sua participação nas novas concessões? E qual a previsão para a empresa, que acumula prejuízos?
A Infraero não terá participação acionária nas novas concessões. Mas continua sendo a principal operadora aeroportuária brasileira, uma das três maiores do mundo. Concluir a reestruturação da Infraero é uma das nossas prioridades. Estamos fazendo alterações na estrutura da empresa porque, com a saída dos grandes terminais que ela operava, houve um desequilíbrio nas contas. Estamos fazendo um plano de demissão voluntária.
O setor está passando por uma crise, com redução de voos e aumento de passagens. Voar vai voltar a ser privilégio de poucos?
Não. O setor aéreo, como todos os setores da economia, é afetado pelo cenário macroeconômico. A variação cambial atinge as empresas aéreas, que têm mais de 50% dos seus custos vinculados ao dólar. Nos últimos 10 anos, o que ocorreu foi que a demanda aumentou uma média de 10% ao ano, e o preço médio das tarifas caiu 50%. Eu entendo que é uma grande conquista do povo brasileiro e não vejo nenhum risco de retrocesso.