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Estado de Minas

Ozires Silva alerta para a década perdida no Brasil

Ex-ministro afirma que país precisa de revolução na educação para superar crise econômica. Ele defende a inovação, critica servilismo da sociedade aos governos e ressalta papel de Minas


postado em 17/02/2016 06:00 / atualizado em 17/02/2016 07:48

“O mundo está aqui, mas o Brasil não está no mundo.” A frase, que assusta e ao mesmo tempo aponta a pequena participação de produtos nacionais inovadores na lista de compras do mundo globalizado, é de Ozires Silva, conhecido por sua veia empreendedora, que o levou a ser um dos fundadores da Embraer e também ex-presidente da Petrobras e ex-ministro de Infraestrutura. A recessão, o risco de o país caminhar para uma década perdida e a necessidade de mobilização empresarial e cidadã para reverter o ciclo de deterioração da economia estiveram no alvo do especialista, que nessa terça-feira (16) veio a BH como palestrante convidado do debate “Desperta, Brasil! Como cidadãos, temos que sacudir o país”, promovido pela Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas).

Diante de uma audiência atenta, Ozires Silva, atual reitor da Unimonte, em Santos, apontou que o Brasil está caminhando para mais um ano de recessão, que pode se aprofundar, levando a uma década perdida. A retração da economia está sendo agravada pela perda da previsibilidade e incertezas que freiam os investimentos e espantam os empreendedores, “geradores de riquezas”. Ele apontou que, historicamente, os brasileiros se tornaram servis aos governos, em lugar de os governos servirem à população. Para ele, o caminho para o país deslanchar está na inversão dessa lógica. “Um astronauta não consegue pousar na terra sem avistar o Brasil. Não é possível que um país tão grande pense pequeno”, disse Silva.

Para o ex-presidente da Petrobras, o atual processo de retração do Produto Interno Bruto (PIB), que fez a economia encolher quase 4% em 2015, é grave e atinge projetos nacionais. Para ele, o pré-sal, que foi a grande aposta da nação, está em uma encruzilhada. Atingida por escândalo de corrupção e pela baixa mundial que derrubou o barril de petróleo a preços próximos de US$ 30, a Petrobras congelou os investimentos. “Nossa incompetência do presente pode ser útil às gerações futuras”, comentou Ozires em conversa com jornalistas. Mas, ao mesmo tempo que a reserva pode ser útil no futuro, o executivo aponta que existe um risco de o país perder oportunidades, já que o mundo trabalha avidamente na busca de alternativas aos combustíveis fósseis.

MUDANÇA Em sua palestra, ele defendeu a liberdade como chave para destravar investimentos em diversas áreas. “Mesmo que não seja um momento considerado favorável, se um investidor quer apostar no pré-sal ele deveria poder tomar essa decisão.” Em escala menor, o reitor cita o exemplo de projetos culturais que poderiam seguir em frente, se o seu autor assim decidisse, sem a necessidade de ser aprovado antes pelo governo.

Um problema deve ser enfrentado, segundo o próprio idealizador da Embraer, pela sua solução, e não dificuldades que apresenta. O homem que se tornou conhecido por ser peça-chave para levar o Brasil a fabricar aviões diz que a grande missão do país passa por uma revolução na educação e pela formação de líderes. “Minas pode contribuir, daqui pode sair um grande líder para o país.” Ozires Silva, que é também presidente do Conselho de Administração da Ânima Educação, diz que um país que tem 70% de analfabetos funcionais deve considerar sua educação um fracasso, assim como o Plano Nacional de Educação.


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