Com o caixa fortalecido no ano passado e a estratégia combinada de redução de custos e aumento de produtividade, a MRV Engenharia e Participações S/A se valeu de bons resultados operacionais, na contramão do cenário desfavorável da economia brasileira. O balanço de 2015 da empresa mineira, maior incorporadora do país no segmento de imóveis residenciais populares, destacou geração de caixa anual recorde, no valor de R$ 806 milhões, marcando fluxo positivo de 14 trimestres consecutivos, e acréscimo de 42% ante 2014.A receita líquida atingiu R$ 4,7 bilhões, cifra que representou acréscimo de 14,3% na mesma base de comparação.
“Estamos vivendo um ambiente econômico adverso, com desemprego crescente e inflação alta, mas a MRV tem conseguido navegar nesse mar revolto”, afirmou o executivo. Corrêa atribui o resultado de 2015, de um lado, à demanda ainda firme das famílias de baixa renda por moradia e associada às condições facilitadas de compra pelo programa Minha casa, minha vida, de subsídio à moradias populares, motor de vendas da companhia. Outro fator decisivo para a MRV é ter mantido o foco nesse segmento da habitação, sem descuidar de um esforço para reduzir custos, encontrar os clientes e negociar com eles.
A performance de caixa deu conforto às áreas operacionais, além de ter permitido diminuição expressiva da dívida líquida num momento de taxas altas de juros no Brasil. De acordo com o balanço divulgado ontem, a construtora reduziu 13,8 pontos percentuais na chamada alavancagem financeira, ao conter a dívida líquida em dezembro de 2015 a 10,4% do patrimônio líquido, frente aos 24,2% registrados em idêntico mês de 2014. A relação da dívida com o patrimônio tem diminuído nos últimos três anos, quando já esteve em 40,7%.
Ainda na área operacional, o volume de lançamentos de 2015, avaliado em R$ 4,7 bilhões, acréscimo de 8,1% na comparação com 2014, foi um dos maiores dos últimos quatro anos. É óbvia a situação de mercado mais difícil hoje. Temos uma série de dúvidas e um terreno leva cerca de dois anos até o lançamento, mas a crise não será eterna. Ela vai passar em algum momento e estamos preparados para responder a essa reação”, afirma o diretor-executivo da MRV.
BANCO DE TERRENOS Em 2015, a MRV se aproveitou da concorrência menor na compra de terrenos. Com isso, adquiriu áreas bem localizadas e que demandam prazos menores para legalização. Com caixa superior a R$ 1,7 bilhão, informados no relatório divulgado pela construtora, só no ano passado, R$ 280 milhões foram destinados à aquisições de terrenos em todo o país, mas com foco nas capitais. As vendas contratadas, incluindo os segmentos residencial e de loteamento, atingiram R$ 1,379 bilhão no quarto trimestre do ano passado, 5% mais ante o trimestre anterior. No balanço do ano, entretanto, somaram R$ 5,497 bilhões, queda de 8,6% em relação a 2014.